"Toda palavra poética aspira a dizer-se, a ser ouvida".
(Paul Zumthor).
Se por acaso fizéssemos um congresso de poesia? Certamente haveria um reboliço geral. Ou não, muita gente gosta de poesia? Talvez alguém gritasse indignado: Com tantos problemas acontecendo no País e eles pensando em poesia e fazendo congresso. "O Congresso de Poesia" em 29 de abril a 2 de maio de 1948, reuniu poetas das mais variadas e antagônicas tendências, segundo Sérgio Milliet, no Estado de São Paulo. Para o crítico, só num ponto pode o congresso manifestar-sede modo decisivo: o de ser a poesia, sem dúvida alguma, a expressão mais digna do homem. Locais que aconteceu o congresso: auditórios da Biblioteca Municipal de São Paulo, do Instituto Caetano de Campos, do Museu de Arte de São Paulo, de "A Gazeta" e uma delas no bar do Teatro Municipal.
Será importante que haja congressos de poesias, certamente, porque a poesia é a alma da literatura, claro. Desde a Ilíada de Homero já é abordado o problema social e psicológico que aflige a humanidade. Para Haroldo Bloom, "somos herdeiros finais da tradição ocidental". Para Jung, "o ser humano possui muitas coisas que nunca adquiriu por si mesmo, mas que herdou de seus ancestrais". No congresso de 1948 discutia-se a poesia nova. Que poesia nova era essa? Em 1922 houve a semana da Arte Moderna. O modernismo representado por Oswald de Andrade com Paulicéia Desvairada. A nova seria a de 1945, como representantes, Lêdo Ivo com As imaginações; João Cabral de Melo Neto com O Engenheiro.
Os debates referentes à literatura, à poesia, sempre aconteceram. O que importa é que os poetas continuam tentando entender o mundo e imitar a natureza, como fala Aristóteles... As obras de poetas como Vinícius de Morais, Jorge de Lima, Cecília Meireles e Murilo Mendes desenvolvem, ao lado das questões sociais, a temática espiritual que também caracteriza a poesia da época. Aristóteles diz que a poesia imita a natureza. Muitos poetas aclamam as belezas que fazem parte da natureza. Outros poetas reescrevem o que acontece ao redor. Poetizam fatos vividos por ele mesmo, ou por outros. Falam de sua dor ou a angústia de outras pessoas.
Em o filme “Sociedade dos poetas mortos”, protagonizado pelo ator Robin Williams, o professor manda os alunos rasgarem os livros que ditam normas para a poesia. O livro queria ensinar a se fazer poesia. O professor entendia que não se aprende a fazer poesia. Não existem regras para poesia. A poesia está na alma do poeta. Ao mesmo tempo, não se deve acreditar em tudo que o poeta diz. Cada um que ler uma poesia terá o seu próprio pensamento.
Para o professor de literatura protagonizado por Robin Williams, no filme “Sociedade dos poetas mortos”,
Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho.
Lemos e escrevemos poesia porque somos membros
Da raça humana e a raça humana está repleta de paixão.
E medicina, advocacia, administração e engenharia,
São objetivos nobres e necessários para manter-se vivo.
Mas a poesia, beleza, romance, amor... é para isso que vivemos.
Assim, será interessante congressos de poesia. Não para se aprender regras, para se poetizar. Seria reuniões de poetas com liberdade para escrever e falar suas poesias.
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