Blogs: Craibeiras: raízes e memórias

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Por João Neto Félix Mendes - www.apensocomgrifo.com

Foto: Caminho do Sítio Baixio na passagem molhada do riacho Camoxinga - Fonte: Acervo do autor

Desde menino, carrego uma admiração profunda pelas craibeiras. Há em mim um fio verde, traço indelével da mãe terra, que me ensina a ouvir o silêncio da vegetação, respirar suas cores e sentir o pulsar da natureza.

Tocar uma árvore, respeitar a natureza e contemplar as flores desabrocharem é saber-se pleno por um instante. A terra segue junto, parceira das raízes na busca incessante da fertilidade escondida nos labirintos subterrâneos. Trilhar as veredas desse mistério silencioso é participar do enigma da criação. Na aridez cinzenta do verão causticante, a esperança se traduz na florada amarelo-ouro da árvore símbolo de Alagoas.

Bendita a chuva que faz a água descer a serra e correr o leito do riacho Camoxinga e do rio Ipanema trazendo fertilidade e sementes. E bem ali na curva no caminho nos presenteou com uma craibeira na porta do Colégio Estadual. E os céus, de agrado, no barranco do riacho fez brotar uma árvore imensa que, de prontidão, vigia o caminho e a lição dos meninos. E quando chega a primavera desperta as manhãs com tons de sol de início de dia, lançando pétalas e sementes aos ventos mesmo que ninguém perceba sua majestade, adornada de ouro.

Craibeira na porta de entrada do colégio estadual - Fonte: Acervo do autor


No sertão, a craibeira não é apenas árvore: é resistência, é memória. Sua força, capaz de enfrentar a estiagem, faz dela um emblema da perseverança sertaneja. Suas flores amarelas rompem a dureza do tempo e tingem a paisagem de esperança.

A florada da craibeira no sertão é um espetáculo de pura poesia visual. No meio da paisagem árida e acinzentada, as copas das craibeiras explodem em um amarelo vibrante, como pequenos sóis espalhados pelo horizonte. Suas flores, delicadas e efêmeras, parecem desafiar a dureza do clima, trazendo cor e vida onde antes era solidão. O vento suave deita pétalas douradas pelo chão, formando um tapete luminoso sob os galhos retorcidos, como se o sertão, por um breve instante, quisesse se vestir de festa.

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