Às vezes cruzamos com pessoas em qualquer circunstância do cotidiano, em uma rua, no estádio de futebol, ou até mesmo na pracinha do bairro. Algumas passam, apenas por passar, mas, sem nada deixar registrado naquele momento. Enquanto, outras pessoas passam e nos roubam um olhar que se estende até a esquina da rua. Geralmente, aquele mirar diferenciado semeia algo em nossos sentimentos, nos cativando. Aí, vêm as cenas das curtas lembranças daqueles momentos relâmpagos, o questionamento, o porquê, onde a resposta muitas vezes é uma incógnita.
Somos artesãs do universo. Em cada momento traçamos o perfil de alguém que sorriu na silhueta do tempo, projetando na resposta do nosso olhar a mentira e a falsidade, características próprias de quem somente busca uma aventura. Mas, a vida, um enigma da existência humana, pode ser comparada a um novelo de fios que vai se desfiando, modelando o seu formato até atingir o carretel, perdendo aí a sua força e a razão de ser. Daí a expressão, vão-se os fios, fica a bobina como um esqueleto sem valor real. Nas pessoas, os fios representam a vaidade, a luxúria, o poder, a ganância e a falsidade. Enquanto a bobina ou carretel significa o desprezo ou o final de um tempo, que apenas conheceu a escuridão sem desfrutar a essência de um alvorecer florido, apenas sucumbiu no negrume do desejo movido pelas decepções da vida.
Remi Bastos,
Aracaju, 21.12.2021
DECEPÇÕES DA VIDA
CrônicasPor Remi Bastos Silva 26/12/2021 - 12h 42min

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