SONHOS DE UM AMANHÃ FELIZ

Poesias

Por Remi Bastos Silva

É tarde, a noite é ainda uma criança,
O silêncio invade o espaço infinito,
Enquanto caminho nas trilhas da solidão.
Olho para os flancos do meu corpo
E nada vejo, apenas a lua e as estrelas com seus brilhos
Compartilham lá do alto o meu compasso,
Perdido no tempo e nas horas que me atormentam.
Somente o zumbido nos meus ouvidos
Acompanham-me, executando uma sonata interminável,
Capaz de me levar à loucura.
Questiono-me, por que eu tenho que pagar por tudo isso?
Onde estão a honestidade e a confiança das pessoas
Que simplesmente bateram palmas na minha despedia,
Sem ao menos acenarem com o lenço branco
A minha comovente partida?
Caminho triste e lento, o vento frio açoita as minhas costas,
Impulsionando-me para que eu não me afogue no caminho.
Ouço músicas no meu inconsciente como etiquetas consoladoras,
Que me roubaram o direito de ser feliz, pela ausência
Da rosa azul que cultivei e, que os artrópodes fugazes,
Tragaram a sua beleza, deixando apenas os espinhos em minhas mãos.
Quem sou eu, para onde vou, sem teto e sem amor?
Continuo sombreando a solidão da noite em busca de um fim,
Lá adiante, à margem da estrada, um frondoso Ipê Amarelo
Estende as boas vindas, com suas flores áureas
Tapizando o espaço da projeção de sua copa.
Encosto-me ao seu tronco levando comigo
A dor inóspita que se aninha em meu peito.
Não suportando a fraqueza, armo o meu leito sobre as flores amarelas do Ipê lançadas ao chão,
Faço dos meus braços o travesseiro e adormeço no sonho de um amanhã ser feliz.

Remi Bastos,
Aracaju, 06.11. 2021.

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