É a literatura quem transforma a escola.
Às vezes nas quais a escola em Santana do Ipanema se aproxima da poesia, a poesia aproxima-se da escola em Santana do Ipanema. Atribui-se ao poeta português, autor de o “Livro do Desassossego”, a opinião sobre a trova quão vaso de flores cujas casas na cidade expõem à janela da alma.
Em Santana do Ipanema arrisca-se dizer que o aluno é capaz de escrever uma trova, este poema em redondilha maior de quatro versos populares. Quando aluno do Grupo Escolar Padre Francisco Correia, nas aulas da professora Marinita, aprendia-se sobre a importância da leitura de literatura.
À época de aluno do Ginásio Santana, escrevi na capa do caderno de língua portuguesa:
Pasárgada pertence a tantos.
Ela também pertence a mim?
Não reivindicarei Pasárgada.
Hoje a TV reprisa Rin-Tin-Tin.
Fruição literária nas escolas em Santana do Ipanema cabe ao tipo de currículo adotado. A intertextualidade sobre Pasárgada manuelina é apenas exemplo de trova. Para além do exemplo da fruição literária nas escolas santanenses, vale salientar que quase sempre se adota nas escolas a teoria tradicional do currículo.
Ao se reconhecer, porém, que a humanidade acaba-se com o fim da fantasia, busca-se na fruição literária o elixir que mantém viva a fantasia e, por conseguinte, mantém viva a humanidade (o ser humano). Há um pêndulo entre a fruição literária no exercício escolar e os tipos de currículo.
A prática pedagógica longe da dialética é antiprática pedagógica. Conhecimento prévio é fundamental à prática pedagógica; ignorar o conhecimento prévio é ignorar a própria prática pedagógica. Na aprendizagem não há erro, o que há é vontade em aprender.
Educação formal existe como exercício de imaginação e descobertas. Como reflexionar sobre compartimentalização na escola do que se ensina como conhecimento na teoria tradicional do currículo na Educação Básica? Além da teoria tradicional, há teoria crítica e pós-crítica.
O aluno em geral está circunscrito pela teoria tradicional do currículo, mas reage à pós-modernidade mesmo que ele não consiga conceituá-la. O aluno quase sempre não consegue escapar das significações da escola na pós-modernidade.
Ausência da transdisciplinaridade ao aluno nos ensinos, Fundamental e Médio, apesar de o aluno reagir com algum mal-estar à realidade na escola, ele tem dificuldade em identificar o que lhe causa o mal-estar ao ser classificado pelas provas.
As provas, os testes, os exames na escola quase sempre são escorregadios; currículos – real e oculto – ocorrem concomitantemente durante a aula. O que existe é o currículo prescrito e a partir deste, ele sofre segundo a aula do professor que manifesta os currículos (real e oculto) durante o seu trabalho pedagógico na escola.
Cumpre seu papel o currículo quando chega à hora das avaliações escolares de larga escala? Em breve vender-se-á em lojas de departamento fantástico software; este com programas cuja própria máquina, e não mais a pessoa, escreverá o romance, o conto, a crônica e a poesia, o ensaio, o tratado, a novela e a aula, por exemplo. Mas há uma pergunta: Quais caminhos são percorridos pela escola para que o currículo adotado alcance os efeitos que se desejem?
O que exatamente quer dizer a palavra currículo escolar com todos os seus meandros? Fala-se na estrutura curricular na escola como essencial e sem ela não há escola ou há tão só improviso. O estruturalismo no currículo lembrando o estruturalismo do Modernismo quando o caixeiro-viajante kafkiano acorda de noite intranquila e percebe-se metamorfoseado num inseto estranho.
Muitos teóricos em leitura de literatura defendem a ideia de que a poesia não pode existir sem a linguagem. Nas escolas de Educação Básica, a pós-modernidade exige do aluno esforço criativo e este se encontra na curiosidade epistêmica do querer saber; se sabe pelo espanto na manifestação do pathos filosófico quando o aluno demonstra o seu querer pelas aprendências. E é por isto que, às vezes nas quais a escola em Santana do Ipanema se aproxima da poesia, a poesia aproxima-se da escola em Santana do Ipanema.
M. Ricardo-Almeida
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