Seis horas em ponto da tarde
Toda boca da noite
A tarde caía tristonha e serena
Em suave langor e macia
Na voz de Augusto Calheiros
Substituindo o badalar
Pelo autofalante cantante
Na mágica rua onde eu vivia!
E eu que ouvia via
A Ave Maria descer do altar
Da Igreja Matriz e passear
Tota pulchra et adolorata
Por todas as ruas de Santana
Acompanhada por uma passeata
De almas vaqueiras
Penosas e luminosas
Pelo séquito das almas lampadosas
E seguida por um coro de anjos:
Mimosas criancinhas
Ressuscitadas dos caixoezinhos sem tampa
Onde dormiram de olhos abertos
Nos enterros festejados pelas outras crianças!
A estrela papa-ceia anunciava
Que findando devagar estava
A hora da Ave-Maria
E que a hora de cear chegava
Para quem tivesse o pão
Para cear naquele dia!
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