Linha do tempo,
Descostura-me o passado,
Se possível alinhava num pano de chita
Pedaços do meu destino.
Permita-me voar em balões
Meio a fogueiras acesas: faíscas e brasas,
Transportando meus sonhos de menino
Sobre o telhado da minha casa.
De prenda me liberta
Num palhoção de bandeirinhas
Azuis e encarnadas,
Meio a matutas enxeridas
No meu sertão de céu estrelado,
Onde quase amarrei meu coração,
Numa quadrilha de matutos bordada de forró e xaxado.
Vivo o São João
Na platéia encantada dos meus olhos,
Serelepe! Das bombas correndo...
Vida de infância, cantando e sorrindo.
Da minha mãe, eis seus gritos:
- Cuidado menino! Cuidado!
E lá estou eu pulando fogueira, traquino.
Vivo o São João,
No aroma da minha velha cozinha adocicada.
Família em torno da tradição junina
De onde me alimento em pratos postos, a saudade,
Na antiga mesa de cedro no meio do recinto,
Onde ainda o cheiro sinto de pamonha, milho e canjica,
Fotografia que hoje me revela: festeiro, saudoso e faminto.
Walney Menezes
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