PEDRA D’ÁGUA DOS ALEXANDRE

Crônicas

por Remi Bastos

Quando menino meu irmão Remilton (Mitinho) visitou a Pedra D’água dos Alexandre. Éramos vizinhos de Seu Antônio Mariano, o qual, certamente havia deixado aquela localidade com sua família ainda nos anos 30, para fugir dos vexames cruéis de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Muitos anos depois após a fuga, Seu Antônio Mariano passou a residir em Santana do Ipanema, no Bairro Camoxinga, e só posteriormente fixou sua última morada na Avenida Prefeito Adeildo Nepomuceno marques no Bairro do Monumento, justamente em uma casa que papai havia lhe vendido, para depois construir outra em um terreno contíguo. Foi nesse período que tive a oportunidade de conhecer a família Mariano: os patriarcas Seu Antônio Mariano e Dona Santa, Dona Emília, Eunice que por sua vez foi minha colega de sala de aula no saudoso Grupo Escolar Padre Francisco Correia, Dona Zefinha, Manoel Mariano que posteriormente retornou ao sítio Pedra D’água, residindo ali até o final da década de 70, José Mariano que viveu a maior parte de sua vida, com sua família, no Sítio Velande, município de Poço das Trincheiras. Os dois netos de Seu Antônio Mariano e Dona Santa, Neubens e Neimar, moraram por algum tempo com os avós, para consolidarem os seus estudos em Santana. Foi neste intercâmbio familiar que o mano Mitinho teve a oportunidade de conhecer a Pedra D’água dos Alexandre, juntamente com Neimar, Neubens e Lula um mancebo que fora criado por Seu Antônio Mariano como se fizesse parte da família. O Lula era um exímio atirador de peteca (baleadeira). Lembro-me das caçadas que fazíamos na Camoxinga dos Teodósio, eu (Remi), Lula e o amigo Benedido. Até aí eu não conhecia a Pedra D’água, mas, sempre ouvia de Mitinho as histórias que costumava contar deste lugar tão fascinante que o próprio nome desperta. Dentre as narrativas que o mano contava, havia uma modinha que certamente aprendera com um poeta e boêmio apaixonado abastecido nas caatingas do Carié, e que dizia assim:
“incarquei, incarquei na cova dela
Uma voz lá de dentro arrespondeu,
Não incarque não incarque meu benzinho
Não maltrate este amor que já foi seu”.

Somente mais tarde, no alvorecer dos meus vinte anos vim a conhecer a Pedra D’água dos Alexandre em companhia de Zé Ubiratan, filho do comerciante de calçados Evilázio, que dirigindo uma Rural Willis visitamos aquela localidade, onde ali tomamos uma cervejinha improvisada com tira gosto de preá. Porém, no dia 25 de julho de 2014 estarei retornando à Pedra D’água, desta vez como um militante da VIII Caminhada Homero Malta e Floriano Salgueiro. Voltando aos netos de Dona Santa, o Neimar casou-se com a sua prima Cássia filha de Seu Zé Soares e Dona Zefinha Mariano, os quais por ironia do destino vieram a falecer precocemente, deixando no coração daqueles que os conheceram, uma saudade que o tempo não apagará. Enquanto o Neubens atualmente é Juiz de Direito residindo em Maceió, e também um caminhante assíduo.
Temos certeza que esta será uma das melhores caminhadas já realizadas, uma vez que contaremos com o Xogoió como um intermediário nas negociações. Portanto, prezados caminhantes vamos procurar agilizar a ração da suçuarana com antecedência, no sentido de que a Comissão Organizadora do evento possa informar ao nosso anfitrião o número de participantes ativos que prestigiarão a Pedra D’água dos Alexandre. Logo, aguardem as informações sobre a conta bancária bem como o valor da ração. A Pedra Dágua nos aguarda.
”Uma suçuarana domada e alimentada vale mais que um caminhante sem rumo e sem nada”.

Aracaju/SE, 18/03/2014

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