A INTELIGÊNCIA E O DINAMISMO

Crônicas

por Bartolomeu Barros

Nos idos de 2005 recebemos a visita de Moreninha, uma mocinha bonita e risonha, nascida no povoado Arrebol, em nosso município, que resolvera tentar o mercado de trabalho.

Decidida a ir em busca de seu objetivo procurou o gerente da loja, o Sr. Francisco José, na época, e demonstrou interesse em trabalhar em sua firma. Francisco, como de costume, conversou com a jovem, fez as anotações necessárias e orientou que ela aguardasse, pois logo que surgisse uma vaga lhe convidaria a fazer um teste de habilidade usado na referida empresa.

Ansiosa pela resposta, no dia seguinte, antes mesmo da entrada de Francisco, a mocinha já se encontrava na porta da loja. Francisco ao vê-la perguntou o que havia, ela respondeu que viera saber da vaga prometida. Ele repetiu o que lhe havia dito no dia anterior. No terceiro dia chega novamente a mocinha e se dirige a Francisco, desta vez alegando um sonho que tivera na noite anterior, o qual retratava o cumprimento da promessa. O gerente, incrédulo, duvidou da sua crença em sonhos, mas a moça insistia afirmando que seus sonhos eram verdadeiros e sempre se concretizavam.

Após alguns minutos Francisco percebeu que estava enfrentando um caso raro em sua vida profissional e pensando como solucionar tal problemática resolveu mandá-la à encarregada dos testes de habilidade embora não acreditasse em sua aprovação. Todavia sua surpresa foi impressionante ao constatar que a mocinha tivera um aproveitamento de oitenta por cento no teste realizado.

Vencido pelo cansaço e pelas circunstâncias decidiu empregá-la. Então lhe disse que voltasse no dia seguinte para assumir o emprego. Ela afirmou que queria começar logo, embora só contasse do dia seguinte.

Inteligente, trabalhadora, educada por natureza, paciente, risonha, sabia trazer nas faces a vida e nos lábios um sorriso cativante, conquistando de imediato a amizade dos colegas, contanto que não a tocassem, se alguém se aproximasse muito, mostrava o músculo do braço, “O Calango” como chamávamos quando menino, e dizia que se alguém a provocasse revidaria com suas forças.

No desenvolvimento de suas tarefas sempre se revelou capaz e prestativa. Os primeiros salários eram para melhorar o guarda-roupa, cujas roupas anteriores eram confeccionadas por uma costureira do povoado: Dona Maria Rapatacho.

A princípio morava com parentes, mas como ainda “molhava a cama”, notou que não estava sendo agradável para os anfitriões e resolveu adquirir uma pequena casa com a ajuda dos pais e passou a morar sozinha. Para ajudar nas despesas, aceitou umas colegas que não demoraram muito tempo por motivos de comportamentos incompatíveis com o seu.

Após arrumar o guarda-roupa, partiu para a compra de uma motoca, mesmo contra a vontade dos pais, que achavam um meio de transporte perigoso, mas ela, levada pela força da juventude comprou o citado transporte.

Arranjou um namoro com um rapaz que os colegas apelidavam-no de papa vento de faveira: uma espécie de calango que tem o pescoço longo, papada saliente, magro e comprido.

O namoro não durou muito tempo, pois ela descobriu que estava sendo traída. Com o passar dos dias conheceu um professor de Educação Física, que está prestando serviços aos nossos colaboradores, fazendo alongamentos e outros, antes de começarem a luta diária, atualmente, com quem iniciou um namoro.

O professor a pediu em casamento, ela aceitou e noivaram imediatamente.

Por ocasião da vinda de uma loja de eletrodomésticos para nossa cidade, um amigo seu que fora aprovado para trabalhar na referida loja convidou-a para também apresentar currículo e ela aceitou a ideia. Quando estava digitando o citado currículo em nosso computador foi notada por um colega que levou a Francisco a pretensão dela ao que ele lhe perguntou o que estava fazendo, e ela prontamente relatou o que vinha acontecendo. Ele indagou se houve algum desentendimento com alguém na loja, ela respondeu que não, ele então lhe disse que ela não iria para lugar nenhum, alguns já lhe propuseram a transferência para outras lojas e disse ainda que quando chegou era toda matutinha, ninguém demonstrou interesse por ela e depois de tantas mudanças todos queriam tê-la como funcionária, assim não iria para lugar nenhum a menos que houvesse uma oportunidade de melhoria acima do que a loja oferecia, pois considerava natural que ela pensasse em crescer, uma atitude correta de todos os profissionais.

Revendo seu relacionamento amoroso chegou a conclusão de que não estava havendo reciprocidade e agiu com a devida honestidade sugerindo ao noivo suspendessem o noivado como um teste de bilateral entre eles. Atitude esta que evitaria um transtorno maior após o casamento. Uma prova real de responsabilidade, por isso a parabenizei pelo gesto de amor e confiança presente em mais esta atitude na trajetória de vida da Moreninha.

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