Paulo César ama duas coisas na vida, mulher e arquitetura. Depois do terceiro casamento acabado, está solteiríssimo, vive para pegar mulher, descobriu uma mina, as turistas. A bela Maceió, cidade das mais procuradas no Brasil, permanece com os hotéis cheios. Paulo César articulou uma estratégia infalível, depois da caminhada matinal na orla vai ao café em algum hotel caçar turista solitária em busca de aventura. Sábado passado dirigiu-se ao bufê, enquanto preparava seu café, observou o ambiente. Aboletou-se numa mesa junto a duas quarentonas bonitas, chiques. Certo momento Paulo César já conversava com as belas mulheres. Eram de Presidente Prudente, Madalena, professora de história e Vilma, arquiteta. Depois de envolvente conversa aceitaram o convite de PC, visitar Marechal Deodoro, cidade histórica, 28 km de Maceió.
Paulo César dirigiu o Honda ao litoral sul, ao atravessar a primeira ponte por cima da azul Lagoa Mundaú entraram num exuberante coqueiral, ao lado direito vários canais se entrecortavam ligando as lagoas, ao lado esquerdo o mar. Ele informou empolgado, como guia turístico. “Acabamos de entrar na Ilha de Santa Rita, a maior ilha lacustre- marítima do Brasil, aqui começa o município de Marechal Deodoro, a primeira capital das Alagoas.” As meninas deslumbradas com a beleza cênica, com o paraíso em sua volta. Paulo continuou. “Durante a colonização do Brasil, os portugueses esqueceram essa parte sul da Capitania de Pernambuco, se preocuparam mais na construção de Recife e Olinda, corsários franceses descobriram essas ricas matas, passaram mais de 30 anos contrabandeando o Pau Brasil abundante naquela época.” O carro continuou rodando, atravessou a segunda ponte sobre a Lagoa Manguaba ou Lagoa do Sul, Paulo César não parava de informar a geografia e história da região até chegar a uma belíssima praia com algumas barracas à beira-mar. Ao saltarem do carro, ele explicou, “Para facilitar o contrabando, os franceses construíram um porto nessa praia, por muitos anos ela ficou conhecida como praia do Porto do Francês, hoje apenas praia do Francês, uma das mais bonitas do Brasil, vejam a cor da água do mar.”
As paulistas estenderam toalhas na areia, tiraram a blusa e o short mostrando dois corpos perfeitos, duas mulheres maduras seminuas embeveceram PC, era tudo que queria na vida. Tomaram sol, passearam lavando os pés na marola até a parte dos surfistas, onde jovens pegavam ondas em cima de pranchas coloridas. A grande dúvida apareceu, em qual das duas investir? Qual paquerar? Almoçaram no Restaurante Casa de Taipa, peixe ao molho de camarão e moqueca de siri mole. Pela tarde se encaminharam ao Centro Histórico de Marechal Deodoro, ao entrar no bucólico bairro de Taperaguá, o empolgado Paulo César continuou a lição de história. “Duarte Coelho, então donatário da Capitania de Pernambuco, resolveu expulsar os franceses, iniciou a colonização aqui em Taperaguá, fundou o povoado de Madalena do Sumaúma, logo transformada em Vila de Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul, o povo sábio foi abreviando para Alagoa do Sul, depois para Alagoas. Quando essa região de emancipou de Pernambuco em 1817, tomou o nome de Província das Alagoas com capital a cidade de Alagoas. Portanto foi nesse chão que estamos pisando, Taperaguá, que tudo começou, aqui é o marco zero do Estado das Alagoas.” Paulo César entrou no Centro da cidade, destacando o casario barroco, as ladeiras e ruas bucólicas, o Palácio Provincial, as belas igrejas, o Mercado de Renda e Artesanato, a Casa-museu onde nasceu o Marechal Deodoro, o convento de Santa Maria Madalena e seu belíssimo Museu de Arte Sacra. Subiu ao Largo da Matriz, encontraram trabalhadores pintando as fachadas das casas antigas, projeto da Prefeitura parceria as tintas Coral, depois desceram à bela orla lagunar, tomaram uma mesa, várias cervejas, ao anoitecer se encantaram, um concerto à beira da lagoa com a Banda Santa Cecília, 102 anos, uma das quatro filarmônicas da cidade. As paulistas jamais imaginaram ver, respirar, tanta arte, história, cultura e beleza cênica. Estavam encantadas com a cidade bem tratada. A grande dúvida de PC permanecia, com quem ficar?
No domingo Paulo César acordou-se pelas nove horas da manhã, olhou para cama, as duas mulheres dormiam, recordou a noitada de amor, ménage a trois, saiu do quarto, telefonou ao amigo Pavãozinho reservando três lugares na escuna, passeio às nove ilhas nas lagoas, estava feliz como um pinto no lixo.
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