Estupefato é pouco para dizer como o mundo recebeu a noticias da renuncia do Papa Bento XVI, confesso que por minutos a cabeça dá voltas primeiro tentando cair à ficha depois a imaginar o que teria acontecido no intramuros naquela vetusta cidade-estado coração do cristianismo o Vaticano. Pois bem, como cristão e católico de formação sempre tive um olhar de respeito e, admiração por esta instituição milenar que tanto contribuiu para a formação da civilização ocidental (sistema educacional, musica, moral, ética, se não fosse à igreja ainda hoje estaríamos na barbárie) e por ser militar de formação, admirar como a disciplina e a hierarquia são um bem tão caro a todos os seus membros não é a toa, que uma maneira que tínhamos de falar para alguém como é a vida na caserna a gente simplesmente dizia... “é um sacerdócio...”. Não se fica rico e o superior tem sempre razão, como dizia os mestres latinos Magister dixit, falou tá falado. (só para lembrar todos são voluntários em ambos os casos, ninguém foi forçado a servir) Ou aceita ou cai fora, lembra a frase famosa de tempos imemoriais “Ame ou Deixe-o” Mas, enfim voltemos ao nosso tema, não há como não comparar o papado de João Paulo II e o do seu sucessor, até porque somos seres que nos espelhamos nas comparações seja para aprender, ensinar ou denegrir. Esta comparação em particular não é muito justa, pois, deve ser muito difícil substituir alguém que era tão querido, amado e tinha um carisma único, traço que poucos privilegiados possuem. Pois bem, o nosso Cardeal Ratzinger, já vinha com a pecha de xerife por assim dizer do ex-Santo Ofício hoje Congregação para a Doutrina da Fé, que teve que mudar de nome para apagar o passado de triste lembrança, mas é uma função pouco compreendida, pois na verdade é um dos cargos mais nobre, sem ele tudo viraria uma torre de babel quanto da interpretação da Bíblia, haja vista o que faz hoje modernamente o nosso Supremo Tribunal Federal, quando é chamado a opinar em matéria constitucional, aliás, todo o nosso sistema Jurídico bebeu da água do Direito Romano e por extensão no Direito Canônico.
O nosso Papa é alemão quando jovem ainda serviu no exército alemão (serviço militar obrigatório) á época dominado pelos nazistas, juntando estas peças todas, a primeira impressão não foi boa após fumaça branca anunciar de Roma para o mundo habemus papam. Pelo menos para muita gente e nesta eu me incluo. Mas o fato é: - homem vocacionado, um doutor da igreja, preparado por anos como guardião da fé, profundo conhecer da teologia e dos caminhos que a igreja deve seguir.
Não importa se foi traído pela idade avançada, ou por intrigas ou futricas palacianas ou seria melhor vaticana. A igreja com sua longíssima experiência de como caminha a humanidade, não muda para atender a modismo, ao contrário da ária da ópera Rigoletto criada por Giuseppe Verdi: “La Donna NÃO é móbile qual piuma al vento”, os ventos de mudança demoram a acontecer, porque é amadurecido na reflexão e na meditação, o controle de qualidade é o Espiritual, (o Espírito Santo sopra onde quer) por conhece as vicissitudes do ser humano. Só após anos de análise é que vem a luz uma encíclica papal; convocar um Concílio então é coisa para séculos, mas parece que a sensação de tempus fugit dos dias atuais chegou também a Roma. E para surpresa do mundo, como dizia o apóstolo Paulo que a fé é uma loucura para os homens, este homem, com uma firmeza de fé tremenda, reconhecendo as limitações do próprio corpo, o Papa renuncia.
Que gesto de grandeza e humildade diante de tanto poder, que lição para aquele que gostam do poder pelo poder. E mais uma vez a igreja surpreende o mundo com esta lição de generosidade e espírito de unidade, lembra o hino sacro “prova de amor maior não há que dá a vida pelos irmãos...” é a maneira da igreja dizer para o mundo: somos conservadores, tradicionalista, em algumas coisas até retrógrados, mas como dizia Galileu: E pur si muove.
E PUR SI MUOVE*
Crônicaspor Joaquim Oliveira Chagas. 17/02/2013 - 19h 54min

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