Fragmentos do Carnaval Santanense

Crônicas

por Aderval de Melo Carvalho

Bloco Pau D´Arco

Realmente os carnavais de outrora em Santana eram uma festa muito bonita e que contagiava a todos nós. No tríduo momesco, nossa cidade literalmente respirava uma atmosfera de total alegria em todos os quadrantes, desde o bairro Camoxinga ao Bebedouro, do Monumento ao Domingos Acácio. E, diga-se de passagem, naquela época nossa querida terrinha no quesito violência se orgulhava em exibir números irrelevantes. Ou seja, brincava-se o carnaval em plena paz. O que hoje certamente não se pode dizer a mesma coisa.

Todos nós brincávamos. E não existiam limites etários. Eram as crianças, os jovens e os idosos também. A sociedade santanense interagia positivamente nesse clima sobretudo prestigiando com o seu apoio integral, considerado de grande relevância. Este vinha a partir dos festejos de rua. Inseridas nesse contexto estavam as bandas contratadas pelo poder público municipal para alegrar as inesquecíveis maratonas, a partir do sábado de Zé Pereira, concentradas tradicionalmente nas cercanias da Praça da Matriz. Na sequência vinham os blocos e aderentes, foliões em geral, e as escolas de samba, que lamentavelmente sofreram processo descontínuo, para nossa tristeza.

À noite, a partir das 22 horas, aconteciam os animados e inolvidáveis bailes carnavalescos nos salões do Tênis Clube Santanense. Ao som das diversas marchinhas executadas pelas bandas contradadas pelo clube, incluindo-se ai a tradicional “Santana dos meus amores”, do poeta-mor Remi Bastos, ocorria a verdadeira apoteose tão esperada de cada noite. E agora somente a saudade restou. Que pena.

Saudades do carnaval de antanho todos nós temos e principalmente dos bons momentos carnavalescos da Ribeira do Panema. É inquestionável que durante o período de existência os grandes e tradicionais blocos, a exemplo do Pau D´arco, Bloco do Sapo, Bloco dos Piratas, Bloco dos Cangaceiros, Bloco do Urso, Bloco do Bacurau, Bloco das Pastorinhas, Bloco da Mundiça, e tantos outros, nos seus tempos áureos, fizeram história, marcaram presenças, insculpiram seus nomes com letras indeléveis nas áreas intangíveis de nossa memória e que jamais serão esquecidos.

Bloco da Mundiça


Os saudosistas, e eu me incluo entre eles, quando se avizinha o carnaval, em sua maioria, recorrem a sua nave do tempo particular, ligam os motores propulsores, aceleram fundo e viajam nesse universo imaginário. Rapidamente chegam às plataformas adaptadas em cada mente. E em cada parada eles vão encontrando as páginas dos períodos carnavalescos vivenciados ali exibidas em telas de dimensões incomparáveis, abertas, disponíveis, sempre perfiladas e destinadas às alegrias e ao exercício daqueles bons momentos distantes, mas reencontrados num piscar de olhos, ofertadas momentaneamente pelo inevitável e inexorável tempo que já passou e que jamais voltará, infelizmente. Bons tempos aqueles.

Maceió, 10/02/2013

Comentários