Matriz de Senhora Santana, sua lateral à esquerda, limitando-se com o antigo Museu Municipal, atualmente reconhecido em sua veracidade de merecimento, como Museu Darras Noya; pelo flanco esquerdo da velha matriz reconstruída, adormecido no tempo em seu estilo colonial, jaz o sobrado conhecido por todos os santanenses como o “Sobrado de Maria Sabão; no interior da igreja matriz no conforto espiritual da fé, entre santos e anjos, sob as bênçãos de Jesus Cristo, encontra-se a imagem de nossa padroeira Senhora Sant’Ana protegendo com sua graça o sertanejo santanense devoto. Mas, todo esse mistério religioso não teria mais sentido se não houvesse a presença do cônego Luiz Cirilo, pastor de Cristo, natural da Serra da Mandioca no município de Palmeira dos Índios (Alagoas). Nascido de uma família humilde, Luiz Cirilo viveu parte de sua infância às sombras das jaqueiras e mandiocais, se divertindo com as brincadeiras de carros - de - ladeira nas estradas descobertas e alcantiladas dos sítios ali existentes. Tão cedo descobriu a sua vocação pela sacerdócio graças ao chamado de Deus para fazer parte de sua pastoral. Foi seminarista e tempos depois prestou voto de castidade segundo os preceitos da igreja católica apostólica romana, ordenando-se padre. Ainda jovem chegou à Santana do Ipanema onde iria substituir o Padre Fernando Medeiros, o qual estaria se transferindo para a cidade de Penedo. Padre Cirilo deu continuidade aos trabalhos de evangelização plantado pelo Padre Bulhões, tendo chegado em Santana por volta de 1952. Foi um religioso muito querido pelo santanense durante todo tempo em que esteve a frente dos trabalhos emanados por Cristo na matriz de Senhora Sant’Ana. Quando eu era criança, nos meus quinze anos gostava de assistir as missas dominicais próximo ao altar, para ver os meninos da minha época agitar o turíbulo no momento da elevação do Santíssimo. Havia um colega que era especialista na arte de acender o turíbulo, chamado José Vieira. Meninão, costumava usar calças curtas cobrindo o joelho, mais tarde denominada de bermuda ou bermudão, e que morava com uma tia na Avenida Dr. Arsênio Moreira, próximo a casa de Isaías Rego. Era um garoto inquieto, costumava enfrentar os outros meninos que passavam pela avenida onde constantemente improvisava carreira avenida abaixo ou acima. Certa vez já nos meus vinte anos, acabava de chegar das férias colegiais do Colégio Estadual Humberto Mendes, em Palmeira dos Índios, quando soube da inauguração de uma escola no antigo Povoado Maceió, no município de Maravilha. Sabia que Mindinho estaria presente a festa, e, eu não poderia faltar a mais uma aula do mestre na arte de arremessar copo à curta distância usando apenas um imbu como suporte. Desanimado por não ter conseguido uma carona, quando, ao passar em frente à casa do Padre Cirilo, o vejo juntamente com Jaime, o sacristão “classe A” estribando o Jipe e logo imaginei algo. Parei, dei boa tarde, fui ouvido, e de imediato perguntei: “Padre para onde está indo assim com tanta pressa?” E o nosso vigário respondeu em tom uníssono com o Jaime: “Estamos indo ao Povoado Maceió, em Maravilha rezar uma missa”. Nesse momento já estou entrando no jipe por trás, ao mesmo tempo em que dizia comovidamente: “Padre me leve, preciso ir a esta missa, estou carente de sua homilia, posso até dar uma mãozinha na missa, como por exemplo, acender as velas”. O Padre em sua bondade aceitou o meu pedido, e lá sigo eu no jipe com o vigário e seu fiel sacristão cantando algumas odes a Jesus, rumo ao encontro casual com o meu amigo Mindinho da Maravilha. Ao chegarmos ao local, o anfitrião já aguardava o Padre Cirilo em sua residência com um jantar regado a galinha de capoeira e peru de bandeja. Acompanhei o homem de Deus, e ao seu lado me sentei junto à mesa. Rezamos agradecendo a Deus por aquele alimento e logo fomos servidos. Todos da casa me olhavam felizes pensando talvez que eu fosse um seminarista. Após a “farturidade” da mesa, agradeci ao padre pelo acolhimento, pois, ele já estava sabendo das minhas intenções. Abençôou-me e disse tenha juízo Remi. Em seguida fui me encontrar com o velho Amigo Mindinho em uma torda (barraca) onde já se deliciava com caninha e cerveja esfriada ao pé do pote. A continuação dessa história eu contarei em outra oportunidade. Porém, não me esqueço ainda hoje de agradecer aquele homem que veio para a nossa Matriz de Senhora Sant’Ana e morreu por ela e com ela em novembro de 1982. Obrigado Padre Luiz Cirilo.
Aracaju, 17/06/2012.
OBRIGADO PADRE LUIZ CIRILO
Contospor Remi Bastos 17/06/2012 - 23h 40min

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