Lentamente o sol declina no poente, as andorinhas em bandos retornam aos seus ninhos no velho grupo escolar. A Natureza em sua candura e beleza estende seu manto angelical anunciando o momento sacrossanto e crepuscular da Ave Maria, enquanto os sinos da matriz embalados pelas mãos calosas do preto Major repicam confirmando o flagrante. A cidade pára, nas ruas raríssimas pessoas se cruzam num comprimento de Boa Noite. Da Ponte do Padre ouve-se o canto triste das cigarras nas algarobeiras situadas no quintal espaçoso do casarão dos Bulhões. Tudo silencia ao pôr-do-sol, somente o Riacho Camoxinga quebra a taciturnidade lançando suas águas mansas sobre as pedras sussurrado de mansinho ao encontro com o Rio Ipanema. Lá adiante o Poço do Juá desnudo de suas craibeiras faz ganir ente as pedras o canto de suas águas formando um lago, onde a melancolia se faz presente num cenário raro.
Em meu quarto, no ocaso da minha solidão lanço meu pensamento rumo ao passado e estaciono a minha fantasia no leito do velho rio. Poço dos Homens, violento pela sua ousadia tendo como aliado o furioso estreitinho. Sigo adiante, em minha utopia, vejo o Poço do Juá com suas lindas craibeiras distribuindo suas águas entre a Ponte do Padre e o Riacho Jacaré. As canoas costuram o Ipanema numa viagem recheada de suspense, são os moradores do Piau, Tucáias, Cajarana, Batatal, Floresta e outras localidades que se aventuram fazendo suas compras na feira de Santana.
Poço do Juá o teu cenário triste não faz florescer a tristeza, mas, ressuscita nos corações dos santanenses que se banharam nas tuas águas a lembrança de quanto você faz parte de nós.
Aracaju, 25/01/2011
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