A relação entre irmãos é sempre um pouco conturbada. Certas atitudes enfurecem ou acalmam, acalentam ou entristecem e assim, reciprocamente, conseguem conviver em pleno equilíbrio.
Numa manhã de quarta-feira, ao passar pela pequena ponte que passa sobre o Riacho Camuxinga, deparo-me com situação um tanto inusitada. Ao longe, um par de gêmeos, aparentando seus cinco ou seis anos, estavam caminhando em direção à escola. Os dois vestiam camisa de botão lilás, bermuda jeans e estavam com uma mochilete nas costas. O menor estava de cara inchada de tanto chorar, ele chorava muito.
Tentando consolar seu irmão, a criança diz:
- Calma, pare de chorar! Você quer chegar feio na escola?
O pequeno não cessava.
O motivo? Um estava de havaianas e outro de alpargatas. A dupla parou no meio da ponte e o que estava de alpargatas se abaixa e retira uma delas. Da mesma maneira que havia feito em sí, fez no seu irmão e disse:
-Pronto, calce uma dessa e eu calço a outra dessa. Só porque eu gosto muito de você eu vou fazer isso!
E saíram do local, cada um de calçado diferente. De repente, o que era choro transformou-se num grande sorriso. Deram-se as mãos e continuaram seu percurso.
É importante ressaltar as forças dos laços de irmandade. Mesmo tão pequenos, eles já conhecem a imensidão do “gostar” e praticam o dom de partilhar.
Quem sabe, se ao seguirmos esse exemplo, não poderemos ver sorrisos se abrindo nos rostos de outrem? Sendo assim, como os gêmeos, saiamos nas ruas a fim de tornar nossas afeições mais fortes.
Rodolpho Ornitz, 22/04/2010
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