Quantas lembranças eu guardo
Das profusas feiras livres,
Dos momentos que eu tive
Ainda na minha infância,
Como era lindo ser criança
Desfrutar da fantasia
Passear no meio da feira
Ver a fartura brotando
Sem pensar em carestia.
O cantador de viola
Refina sua garganta
Com seu verso que encanta
Num mote solicitado,
O ceguinho motivado
Agita a sua bacia,
Deixe aqui a sua esmola
Ajude este pobre cego
Que não ver a luz do dia.
Tinha Pedro Gargalhada,
E o tirador de retrato,
Galinha, peru e pato
Tudo existia na feira,
Tinha o padre e a freira
No rito do batizado,
As tordas ou barracas
Completavam o cenário
Com seus pratos variados.
O açougue era lotado
Com gente pra todo lado,
Carne de boi e carneiro,
Peixe fresco e preá
Tudo isso era constante
Onde ali todo feirante
Tinha com que gastar,
Ainda havia a caninha
Bom prá desopilar.
Assim era a feira livre
Nas ruas da minha cidade,
Ali onde a verdade
Retratava-se no preço,
Tudo isso eu conheço
Como a palma da minha mão,
Feliz quem esteve na feira,
Escutou seus vendedores,
Comprou farinha e feijão.
Aracaju, 05/04/2010.
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