Vinga a alegria do vate
Em cada verso criado.
Sua vida é revelada
À margem da memória
Como imagem distorcida,
Feito sombra num retrato,
Feito o fantasma do sonho.
O seu tempo é mais além
E não marca nenhum ponto
De fuga: só há vontade
De abrigar o peso torpe
De toda palavra, ainda
Que tudo sirva ao poema
À revelia das regras.
O que não pode uma sílaba
Ou mesmo uma simples letra?
Somos servos da visão
E dos ritmos. Sim, vassalos
Da arquitetura, do esforço
Inútil, desse momento
Construído de esperança.
Talvez, outro labirinto
Haja dentro desse aqui.
Para sempre fomos presos
Ao fino fio das Musas,
Às expectativas vãs.
Enfim, estaremos salvos
Do abismo da folha em branco.
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