A MENINA DESAFIAVA OS MENINOS NO RIO IPANEMA

Crônicas

Lúcia Nobre

As mães ficavam conversando enquanto as filhas faziam natação. E conversa vai, conversa vem, descobri que a mãe de uma menina era santanense. Nem eu, nem ela, nos lembrávamos uma da outra. Como havia outra santanense e conversávamos sobre nossa terra, ela também participou da conversa. O que falava entusiasticamente era da cheia do Panema. Dizia que nem os meninos ganhavam dela quando pulavam da ponte para o rio em suas grandes enchentes. Podiam competir de igual para igual, isso podia. Falava com maior orgulho de sua hábil façanha.
Parece que a menina era parenta do pessoal que morava em uma casa cheia de portas, onde depois se localizou a Agência de ônibus de Santana. São essas e tantas coisas que nos fazem recordar de nossa querida Santana. O curioso é que esta menina não lembra, ou diz que não lembra do fato que aconteceu nos tempos idos.
Brincávamos no quintal da casa da Rua dos Machados. A casa se estendia de uma rua à outra. Do quintal, saia-se na Rua em que hoje é a feira. Naquela época se podia ficar com o portão aberto. A menina passava e resolveu entrar e participar da brincadeira. De repente, saiu correndo. No instante observei que um anel de mamãe que pegamos para brincar, havia sumido. Sai correndo atrás da menina. Eu devia estar com a cara de pavor, porque as pessoas da casa me olharam desconfiadas. Contei o que aconteceu.
Chamaram-na. Estava com o anel escondido na calcinha. O resultado é que a coitada apanhou tanto, que nunca mais apareceu para brincar. Depois de muitos anos nossas filhas frequentavam aulas de natação na mesma academia. A coincidência do encontro me fez lembrar do ocorrido. Coisas de criança que o vento leva.

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