SAÍ VIVO, MAS NÃO FUI PROMOVIDO

Histórias Engraçadas

José Peixoto Noya

Eu e o João Pires de Moraes éramos telegrafistas do Departamento dos Correios e Telégrafos. Morávamos na mesma pensão e também restaurante, que ficava atrás do antigo Cine São Luiz, em pleno centro de Maceió. Estávamos fazendo uma das costumeiras farras no Bar do Chope quando recebemos a triste notícia da morte do proprietário do estabelecimento no qual residíamos. Não consigo lembrar o nome do empresário. Estava vindo de Arapiraca, a sua terra natal, quando a sua Pickup capotou, vitimando-o fatalmente.

De imediato fomos à Igreja de São Benedito, que era a igreja onde se eram realizados os velórios, com a finalidade de prestarmos as nossas últimas homenagens. Passamos um bom tempo até que o chamamento etílico falou mais alto. Resolvemos ir ao Jacintinho, pois o enterro só seria realizado no outro dia.

Naquela época, o Jacintinho só tinha uma entrada; era um verdadeiro beco sem saída. Nós é que éramos desbravadores, a exemplo das "Entradas e Bandeiras" da época do Império, só que à procura de bares e botecos desconhecidos. Nesse dia, não foi diferente. Dirigimo-nos ao referido conjunto – naquela época, ainda era um conjunto – e encontramos um perfeito "salve-se quem puder".

Iniciamos a nossa missão com umas caninhas para esquentar o sangue e esquecer as coisas ruins da vida. Olha que tinha muita coisa para esquecer, pois chegamos no final da tarde e já era quase meia-noite. Como em todas as farras sempre se "lava a prensa", entramos na fase das "friinhas". João Pires, muito mais experiente, começou a notar que uns "caras" mal-encarados estavam nos cercando com olhares e cochichos estranhos.

Continuamos com a sessão de "lavagem de prensa" durante um bom tempo. De repente, levantei-me para ir ao mictório (ô nome velho!).

Quando eu estava bem próximo ao banheiro, o João gritou:
- Sargento Noya, peça a conta e traga uma saideira!
Estranhei, mas continuei em direção ao local do prejuízo, pois é ali o local onde você devolve o que gastou, e de graça. Na volta notei um reboliço entre a freguesia. De imediato captei o que estava ocorrendo e, ainda caminhando, pedi ao dono do bar e em voz alta:
- Por favor, mais uma cerveja e a conta do tenente Pires.
Não ficou uma única pessoa do seleto grupo de fregueses daquele exemplar estabelecimento etílico. Pagamos a conta e, ainda falando alto, disse ao João:
- Vamos esperar a viatura ou alugamos um "carro de praça", tenente Pires?
Saímos rindo, é bem verdade! Mas foi a primeira e última vez que estivemos por aquelas bandas! Não sem antes fazer uma observação:
- João, você deveria ter arranjado uma patente maior pra mim, por exemplo, subtenente!
- Você deveria se dar por satisfeito só em ter saído com vida daquela espelunca! - Disse, rindo feito uma criança. Não consegui a merecida promoção, mas fui competente!

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