A omissão da verdade não
E principio de sabedoria
E só o homem livre
Busca essa sabedoria
O divertimento maior de Aninha e ficar sentada na torre da igreja e de lá observar o rio e a cidade. Certa manha está sentada na janela olhando o movimento da cidade, de repente observa que em baixo estaciona um carro desconhecido. Pensa curiosa e fala como se estivesse com alguém.
- De quem é este carro?
Viu descer do carro um homem também desconhecido. A igreja com uma porta aberta e o homem entra com uma bolsa. Aninha vê o homem entrar, mas não leva a sério o fato, deixa para lá e continua a observar a cidade. De repente, o homem surge como se quisesse encontrar um lugar para esconder alguma coisa ou se esconder. Pairava nele um mistério. Surpreso com a presença da menina exclama:
- O que faz aqui menina?
- Nada. Costumo vir aqui. E o senhor o que quer? Deseja falar com o padre? Tem que procurá-lo na sacristia.
- Não quero falar com ninguém.
- Mas o que quer aqui na torre?
- Não é da sua conta menina enxerida. Vá embora.
Aninha sai assustada, Como sua curiosidade é maior, esconde-se e fica observando. Vê que o homem arranca um mosaico do chão e retira uma quantidade de dinheiro e o coloca na bolsa. Ela fica tão apavorada, que nem tem coragem de sair. O homem a surpreende ali parada observando-o e a ameaça.
- Você vai ficar calada menina não vai contar para ninguém o que viu aqui.
- Quem é o senhor?
- Não interessa quem sou. Se você falar com alguém, alguma coisa vai se arrepender.
- Não vou contar, vou embora.
- Vá e bico calado.
Aninha ficou algum tempo impressionada depois esqueceu. Passa o tempo. Jovem, namora um rapaz provindo de outra cidade. Ao noivar, o rapaz a convida para conhecer sua família.
Durante o jantar em casa da família do noivo, estabelece-se um clima não muito natural. Parecia que algo estranho acontecia entre a memória de Aninha e do pai do rapaz. O pai do noivo a trata com certa hostilidade. Notara isso logo ao serem apresentados.
- Meus pais já a conhecem de tanto em falar em você.
- Espero que não os decepcione.
- Você é tal qual meu filho descreveu.
- E você papai concorda comigo que Aninha é linda?
- Está distraído, homem? Seu filho falou com você.
- Ah! Desculpem. Estou um pouco preocupado com os negócios. O que você falou filho?
- Estou falando que amo Aninha.
- Você parece com alguém. Não lembro quem. Acho que talvez seja impressão minha. Deixe para lá.
- Tenho certeza papai, o senhor nunca foi a sua cidade.
- É verdade, nunca, você tem razão.
Aninha o reconhece, no entanto, finge. Não poderia falar ali, de uma coisa tão importante. No outro dia o pai de Marcos a procura e a ameaça.
- Você não pode casar com meu filho.
- Por que? Não contarei nada como não contei até agora.
- Não dará certo. Porque todas às vezes que estivermos juntos, lembraremos do fato e será desagradável.
- Até hoje, não sei o porquê daquele seu ato. No inicio fiquei impressionada, mas depois esqueci. Não pensei mais no assunto.
- Tenho certeza que você pensa o pior de mim, por isso vai ter de acabar o noivado.
- O senhor não quer me contar tudo? Hoje é diferente, não sou mais criança. Saberei compreendê-lo. E quem sabe tentar ajudar.
- Não. A melhor solução é acabar esse casamento antes que seja tarde demais.
- Tarde para que seu Afonso? Ameaçando-me novamente?
- Estou. Não preciso dar satisfações de minha vida para ninguém.
- Nem para seu filho? O que direi a ele ao terminar o noivado?
- Fale qualquer coisa, que não gostou de sua família, invente uma desculpa.
No outro dia Aninha procura uma biblioteca pública e pesquisa os jornais da época que aconteceu o incidente em sua cidade, lá na torre da igreja. Na época havia acontecido um assalto na cidade que morava seu Afonso, e o dinheiro desaparecera. Prenderam um suspeito e o torturaram para que confessasse o crime. Crime, porque houve roubo e morte de um policial que fazia a guarda do banco. O acusado não era o ladrão nem o criminoso. Estava no banco e tentou socorrer as pessoas feridas. Sentindo-se injustiçado, enquanto os verdadeiros culpados fugiram, matou-se na prisão.
Ana entende até ai. O pai de Marcos será o bandido ou um dos bandidos? E por que teria escondido o dinheiro na igreja de uma cidade não muito próxima da cidade do assalto? Paira nela a dúvida. Ele não parece um criminoso, aparenta ser uma pessoa pacata, mesmo no momento que a ameaçava. O que fazer? Contar para o noivo e sua família? Acabar o noivado?
Não fala nada ao pai de Marcos sobre a pesquisa da biblioteca, nem ao noivo, da situação em que se encontram ela e o seu pai. No outro dia partiria para sua cidade e lá pensaria o que fazer. Pensa em alguém que poderia aconselhar sem contar a verdadeira causa. Conversa com uma psicóloga sua amiga e ela aconselha a ter uma conversa seria com o pai de seu noivo. Liga para seu Afonso e pede para se encontrarem em um lugar onde ninguém pudesse os surpreender.
- Seu Afonso, naquela época em que aconteceu o caso eu era criança e foi mais fácil esquecer. Hoje estou adulta e preciso que o senhor esclareça tudo.
- Por que? Quer inverter as coisas? A chantagem agora é sua?
- Não. Preciso saber toda a verdade. Quem sabe poderemos nos entender.
- Não sei o que pode nos ajudar, falar de alguma coisa que não lhe diz respeito.
- Preste atenção, seu Afonso. O senhor guardou esse segredo de sua família o tempo todo. Como conviveu com sua consciência?
- Não se preocupe que as aparências enganam.
- Eu pesquisei na biblioteca, os jornais da época, e descobri que houve assalto e morte, e uma vitima pagou pelo culpado.
- E quem é o culpado?
- Não sou culpado e minha família não tem nada a ver com isso.
- Garanto que se o senhor desabafar vai se sentir aliviado.
- Tudo aconteceu na época em que as mulheres queriam mostrar que podia tudo, época da emancipação feminina. Lá na cidade apareceu um grupo co jeito de hippies e eu namorei uma menina do grupo. Ela participou desse assalto. Só que na hora do tiroteio entre eles e a policia, conseguiu escapar e pediu que eu guardasse aquela bolsa e não desse para ninguém e nunca revelasse seu nome, pois sua família não poderia saber. Seu pai era político conhecido, seria um escândalo. Concordei e guardei a bolsa. Pensando que seria revistado, viajei para uma cidade qualquer e tive a idéia de colocar na igreja para que ninguém desconfiasse. De fato, revistaram minha casa e nada encontraram. Eu ainda era solteiro, jovem, não percebia a gravidade de esconder um crime. Depois que casei, não havia necessidade de relatar esse fato a minha família.
- Porque foi buscar a bolsa? Não teve medo de ser descoberto?
- Eu sabia que as igrejas costumavam ficar abertas e qualquer um poderia entrar. A única pessoa que me viu foi você, assim mesmo, só naquele dia.
- Mas para que foi buscar aquele dinheiro se não era seu?
- Ai é que está. Pensei muito e conclui que deveria doá-lo a um orfanato. Conversei com a diretora de um, e entreguei todo dinheiro.
- Eu bem imaginei que o senhor é honesto, o que não entendi foi o fato acontecido. E pensar que mandou terminar um noivado sem motivo!
- A minha preocupação era você falar e que as coisas pudessem se complicar entre eu e minha família.
- O senhor tinha razão, não me conhecia. E agora ainda desconfia de mim?
- Claro que não, agora sei que tem bom caráter.
- E o senhor quase destruiu sua vida por ingenuidade.
- Assim, já que tudo se esclareceu, não falemos mais no assunto.
- Será um segredo nosso. Tenho de ir, vou ligar para meu noivo, já deve está preocupado.
- É. Eu também não avisei em casa que ia me ausentar, minha mulher deve estar pensando que fugi.
- Boa viagem seu Afonso, agora estamos em paz.
O pai de Marcos ao chegar em casa encontra a mulher muito abatida. Ele não quer contar onde esteve porque acha que não deve mexer em coisas sem importância. Para ele, são coisas que passaram e foram resolvidas.
- Hilda o que aconteceu? É pelo meu atraso que se encontra chateada?
- Vamos esclarecer as coisas. Não gosto de mentiras. Fale logo a verdade de um vez.
- Você fala de que?
- Recebi um telefonema que você estava em um determinado lugar com uma mulher e essa mulher é a noiva do nosso filho. Tem alguma explicação para isso?
- Quem ligou?
- A pessoa não se identificou, não quis se comprometer.
- E você vai acreditar em telefonema anônimo?
- Anônimo ou não, recebemos a noticia e seu filho ficou muito chocado, logo co sua noiva!
- Que absurdo! Estão pensando o que de mim e da moça? Onde está Marcos?
- Saiu desesperado. Acho que viajou para tomar satisfação com a noiva. Era o que faltava Afonso, acontecer uma falta de vergonha desse tamanho. Estou enojada. Acho que lhe dei muita atenção. Chega de conversa. Não tem explicação para o seu procedimento.
- Estou pasmado com essa historia. Nunca desrespeitei nosso casamento. Nunca faria tamanha ofensa a você e ao nosso filho.
- Para tudo há uma explicação. Esclareça o equívoco se for o caso.
- Não tenho nada para dizer, peço que confie em mim. Não pode acreditar em telefonema anônimo, repito.
- Estou cansada de seu cinismo. Se tiver alguma explicação estou no quarto.
Afonso percebe que aquele segredo antigo teima a aflorar. E a única alternativa será revelá-lo. Não queria isso, aquele passado deveria ser enterrado. Agora, diante das circunstancias, para que a paz volte a reinar em sua casa, tudo deverá ser esclarecido. Sua mulher nunca teve motivos para duvidar de sua fidelidade. Depois de tanto tempo de casados surge esse problema.
Do outro lado, Marcos aparece como um foguete em casa da noiva. Aninha surpresa com o comportamento estranho do noivo, indaga a razão de tanta ansiedade.
- Você precisa me dar uma explicação plausível para que eu entenda o que quer. Vejo que aconteceu um terremoto, assim soltando fogo por todos os poros não podemos conversar. O que houve?
- Não se faça de sonsa, as noticias correm. Você sabia que não se pode fazer nada escondido, porque a verdade sempre aparece?
- Está falando de que, Marcos?
- Você e meu pai. Sinto nojo! O que há entre os dois?
- Pare ai, que historia é essa? Agora quem não entende sou eu. Você está louco. Explique-se de uma vez.
- Alguém ligou dizendo que você e papai estavam juntos em um restaurante. Vim aqui para dizer que não existe mais nada entre nós.
- Se eu lhe disser que há um mal entendido nessa historia?
- Ah! Confirma a falta de vergonha? Nunca pensei!
- Vá embora Marcos. Não quero mais conversar com você. Vá falar com seu pai.
Marcos vai embora e acredita que tudo terminou. Nunca mais quer confiar em alguém. A decepção é grande. O seu pai e sua noiva juntos, chega a ser repugnante.
Não quer encontrar o pai, não volta para casa. Sua mãe por sua vez, ouve a explicação do marido e pretende passar a verdade ao filho. O rapaz não volta para casa dos pais. A família preocupa-se. Comunica-se com Ana. Quem sabe ela conseguiu apaziguar a situação.
- Ana, Marcos apareceu?
- Veio logo que soube do nosso encontro, seu Afonso.
- E o que aconteceu? Vocês brigaram?
- Mandei-o embora, veio ofender-me. Ele não está ai?
- Desapareceu. Ninguém sabe onde se encontra. Tudo já está esclarecido, contei tudo para minha mulher. Você falou para Marcos?
- Não. Quem deve contar é o senhor.
- Estamos preocupados. Desapareceu sem saber da verdade. Se ele voltar, nos comunique, por favor, Ana.
Mesmo sendo procurado, até pela policia, Marcos não dá sinal de vida. Complicam-se as coisas para a família. E Ana não poderia estar menos ansiosa.
Passa o tempo e a situação da família agrava-se. Ninguém tem noticias de Marcos, mesmo com todas as tentativas de busca. Ana e a família do rapaz vivem momentos tensos de angustiante espera.
Estão próximos na tentativa de ajuda mútua. O pai de Marcos mais desesperado que os outros, sente-se culpado. Muito tempo guardou um segredo e agora não sabe o que fazer para ter o filho de volta.
- Tudo que aconteceu é minha culpa. Para que guardar um segredo sem importância.
- Na época você achou importante. Foi fiel ao pedido da jovem inconseqüente.
- Isso prova que seu marido é um homem fiel.
- É uma pena que Marcos não compartilha de sua opinião.
- Se eu tivesse conversado com minha família sobre o que aconteceu, nada disso estaria acontecendo.
- Seu Afonso, leve em consideração, que muitas vezes fazemos algo errado, principalmente quando somos jovens.
Dona Hilda adoece de tanto sofrimento motivado pelo desaparecimento do filho. E por mais esforço que o marido e Ana façam para amenizar sua dor, debilita-se a ponto de ser internada no hospital. A mãe de Marcos cuidava bem de sua saúde, diante dessa situação de desespero nada para ela mais importava a ponto de sua doença agravar-se. Não houve recurso medicinal que operasse nela o milagre da vida.
Afonso, muito chocado com a morte da esposa e o desaparecimento do filho, dar também mostras de fraqueza física. Debilitado, definha e apresenta um quadro bastante grave de depressão.
Ana, como se atada àquela família sente-se impossibilitada de deixar Afonso sozinho. Reconhece ser ele um homem bom. Como deixá-lo sozinho nesse momento difícil. Fica e ajuda o pai do seu ex-noivo a se recuperar.
Parecia coisa do destino. O homem que um dia lhe pareceu como um bandido estava agora precisando dos seus cuidados. Os cuidados e o carinho de Ana fizeram de Afonso um novo homem, mais feliz e apaixonado. Ana, embora tenha relutado contra esses sentimentos, conclui que também sente um grande afeto por ele. O que fazer? Pergunta a si mesma.
- Não sei o que fazer. Sinto um pouco de remorso em relação a Marcos.
- Marcos vai ficar sempre entre nós, mas não se sinta culpada de nada.
- Devia ter contado toda verdade quando me procurou. No entanto, o segredo não era meu.
- O que não podemos é negar os nossos sentimentos que surgiram a partir do nosso amor por ele, não acha?
- É verdade. Se um dia ele voltar entenderá que tudo foi uma armação do destino. Tínhamos que nos amar.
Transcorrem-se alguns anos, Ana e Afonso vivem intensamente um amor. Como um fantasma, surge aquele que serviu de elo para que eles se encontrassem.
- Marcos! É você, meu filho?
- Sou eu papai. Mas o que essa mulher faz aqui? Onde está minha mãe?
- Meu filho, entre e conversemos. O que aconteceu? Onde esteve todo esse tempo?
- Fiquei desesperado com o que aconteceu. Não sei para que voltei se tudo confirma.
- Se me ouvir entenderá tudo que aconteceu.
- Não quero ouvir nada. Tornou-se claro. Separou-se de minha mãe para viver com essa mulher falsa.
- Marcos sua mãe morreu!
- Vocês a mataram! Não vai ficar assim! Não vou ficar nem mais um minuto nessa casa!
- Espere Marcos. Se você não ouve como pode entender a verdade.
Sai batendo a porta como da outra vez sem esperar por nenhuma explicação. O pai sem ação não entendia como o filho que tinha passado muito tempo ausente, volta e ainda não quer ouvir o que ele tem a dizer.
Ana e Afonso perplexos pela situação, pensam em uma maneira de encontrar o rapaz. Todas as tentativas foram inúteis. Como da outra vez desapareceu. Afonso contrata um detetive. Depois de muito tempo o detetive encontra Marcos em outro estado, onde mora com a mulher e o filho.
Parte o pai a procura do filho. Quem sabe dessa vez ele ouve sua explicação. Ao chegar no endereço adquirido pelo detetive, é recebido por uma jovem senhora e uma criança.
- Bom dia. Procuro Marcos. Imagino ser o seu esposo e essa menininha, sua filha.
- Bom dia. O senhor é o pai de Marcos? Nós sabíamos que estava nos investigando. Tenho falado bastante com Marcos sobre o senhor, contudo, encontra-se irredutível. Sua raiva maior é de sua esposa.
- Podemos conversar? Quando ele chega?
- Está trabalhando, Volta a noite. Quando nossa filha nasceu, queria que ela conhecesse os avós. Ele não quis. Agora, encontra-se mais revoltado, pois soube da morte da mãe.
- Ele chegou a minha casa como um relâmpago, não quis ouvir nenhuma explicação.
- A raiva de Marcos chama-se traição. O senhor com sua noiva.
- Posso contar-lhe toda verdade?
- Claro que pode seu Afonso. Depois contarei tudo que aconteceu com seu filho quando saiu de casa.
Depois que Susana ouve a explicação do pai de Marcos, conta como o conheceu. Susana diz a Afonso que o marido possui um temperamento um pouco complicado e quer saber se sempre foi assim, porque ele afirma que antes de sua traição era uma pessoa compreensiva.
- Eu e minha mulher estranhamos o seu comportamento quando foi embora sem nenhuma explicação. Até então era um rapaz pacato.
- A raiva dele é tanta que não consegue perdoá-lo. Quando resolveu procurá-lo estava disposto a uma reconciliação. Planejou levar Mariana para conhecer os avós. Quando se deparou com você e Ana e soube da morte de sua mãe, tudo desmoronou em sua cabeça. Novamente saiu sem nenhuma explicação. Agora que a verdade veio`a tona, Marcos compreenderá e tudo será como antes.
- Como vocês se conheceram?
- É uma história muito triste porque envolve minha mãe.
- Se não quiser contar agora, fica para outra vez.
- Contarei logo. A minha mãe envolveu-se com um pessoal da pesada e assaltaram um banco e houve morte. Ela não foi presa, conseguiu escapar, os outros todos foram assassinados na prisão. Tornou-se dependente de bebida alcoólica e vivia sempre em tratamento. Quando casou com meu pai estava bem. Depois que nasci, começaram a se desentender e ela voltou a beber. A separação foi inevitável. Eu sempre estava com ela. Certo dia chega à clínica um rapaz que parecia mais um espectro. Chamou a atenção de todos. Iniciou um tratamento muito sério e paulatinamente foi se recuperando. Surgiu uma simpatia entre ele e eu. Depois que recuperou-se nos casamos.
- Ele voltou a beber a ponto de tentar se destruir?
- Não. Nunca mais. Mesmo depois que soube da morte da mãe não procurou mais essa tentativa de fuga. Está muito feliz com a filha. Acho que nós duas ocupamos seu pensamento.
- E sua mãe está recuperada?
- Está. Depois de muito sofrimento e ajuda médica curou-se. Ela também se afeiçoou `a netinha. Vamos marcar um jantar para se reconciliar com seu filho. Convidarei minha mãe, ela tem uma historia parecida com a sua. Enquanto isso; contarei a verdade para Marcos.
- Combinado para amanhã. Espero que dessa vez, meu filho não saia correndo.
- Vai dar tudo certo.
No jantar todos tentaram ser cordiais. Ainda não se conheciam bastante para ficarem descontraídos. Afonso e Laura entreolharam-se como cúmplices.
- Estou muito feliz em estar aqui com minha família reunida. Muito sofri sem saber do meu filho. Hoje sei que está feliz e que construiu uma linda família.
- Também estou feliz meu pai. Tenho uma esposa e uma filha maravilhosas.
- Esclarecerei tudo que aconteceu e tenho certeza que alguém aqui irá confirmar tudo. Começou quando fui namorado de sua mãe, Susana.
- Namorado de minha mãe? Que coincidência é essa?
- As coisas estão se complicando mais ainda, meu pai.
- Quando me contou o que aconteceu com sua mãe, eu imaginei que era a mesma moça da minha historia que não contei para minha família e tudo se complicou.
- A minha história vocês já sabem. Afonso entrou nela para me ajudar. E pagou muito car por isso. Eu nunca poderia imaginar que sua ajuda pudesse quase destruir sua família. Felizmente, hoje posso pedir desculpas por tudo que aconteceu.
- Eu sou culpado por não ter confiado em minha família. Guardei o segredo só para mim.
- Depois desse episódio nunca se encontraram?
- Não. O nosso convívio foi muito pouco, nem nos conhecemos bem.
- Eu fugi como uma louca e tive medo de procurar Afonso. Não soube mais nada de sua vida. Casei-me, tive Susana, mas nunca consegui libertar-me do pesadelo da morte dos meus amigos. Separei-me do pai de Susana, o resto vocês sabem.
- Bom, agora está tudo esclarecido, espero que o senhor nos visite com freqüência, seu Afonso.
- Está bem, Susana. Vou ter que ir, pois, Ana deve estar bastante preocupada. Viajarei hoje mesmo. Espero todos em minha casa para um jantar de confraternização. Levem minha netinha.
Conto publicado em 16/10/06
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