Acredita-se que a Universidade seja o local onde se “discutem” as correntes filosóficas a cerca da Ciência do Conhecimento e, por conseguinte de Educação, e sob essa perspectiva seus “educadores” seriam os responsáveis diretos pelo vislumbre e promoção de uma prática mais voltada ao crescimento humano a partir do conhecimento discutido, possibilitando com isso, que seus alunos, a partir de uma visão macro de realidade – no tocante às suas posturas no ambiente escolar – pudessem verdadeiramente se opor às condições de exclusão e violência – referimo-nos aos cursos que discutem acerca do fazer professoral (ou pelo menos acredita-se que deveriam discutir).
Buscar indicativos que apontem às condições dos conflitos existentes entre homem/trabalho/sociedade/educação parece cada vez mais difícil, já que para tal faz-se necessário criar uma ponte entre escola e “educação” para a cidadania/participação, e, esse tem se mostrado um dos grandes paradoxos das instituições superiores.
Pode parecer estranho querer supor, ou mesmo acreditar que em uma instituição de ensino superior possa haver (ainda) métodos de coerção, constrangimento, perseguição e exclusão, mas infelizmente no quesito violência, a Universidade não se abstém disso, e pelo contrário, se destaca, pois é de forma explicita que esta – a violência através de demonstrações de poder que intimidam – se mostra nos corredores das instituições, nas relações interpessoais professor/aluno, direção/professor, direção/aluno e coordenação/aluno. Pois não são raros os relatos de alunos angustiados pela opressão, perseguição, os conflitos, ameaças, tolhimento das falas em sala, reprovações sem sentido e até a verbalização de tais ameaças. Então, partindo dessa premissa, pode-se compreender de maneira patente que a educação acadêmica superior não tem sido pensada a favorecer os indivíduos em sua totalidade, na sua condição de agentes multiplicadores de ideias, mas sim, de mão-de-obra. Isso acontece de forma unilateral, no tocante às classes que participem de suas atividades.
Levando em consideração que aqueles que se prostram, aceitam e fomentam essa condição são vistos como sendo merecedores da “boa educação”. Sob essa perspectiva a Universidade não trabalha ações educativas, mas sim noções de subserviência, pois não possibilita o cidadão ao conhecimento, apenas o inculca ao mercado de trabalho, já que não evidencia suas intenções dispostas em seu currículo.
Não se pode falar em “violência” e “poder” sem falar na temática da Universidade, pois alude em levantar algumas questões que são de grande importância para que se possa compreender de forma clara o perfil dessa instituição. Infelizmente o que se percebe é que a Universidade deixou de ser um espaço democrático, “laico” e de oportunidades para se tornar um espaço de uns poucos, daqueles que são a favor dos que mandam, dos que exercem o controle sobre a mente e corpo de muitos outros. Assim, o conceito de educação na Universidade vai perdendo sentido e força, para tornar-se um produto, comercializável. Outro aspecto que não pode ser deixado de fora desta discussão é a questão da formação do professor, pois é justamente ele – o professor – quem irá disseminar ou não as ideologias da Universidade (vai depender se sua formação o possibilita a ser educador ou somente professor). Se for educador ele estará disposto e habilitado a perceber o seu aluno enquanto pessoa, enquanto partícipe direto na construção de processos metodológicos concernentes ao ensino e a aprendizagem, isso o impulsiona cada vez mais a gerir na busca incessante da emancipação humana (deste aluno) pela educação, sendo que esta emancipação servirá para que ambos cresçam enquanto indivíduos do saber, negando todo e qualquer vinculo com a submissão, inculcação e medo; se for como professor sua visão será voltada tão somente para o erário mensal, como também às ordens que lhe são dadas pelos seus senhores, adota uma postura de cão de guarda, que ao menor sinal de balbúrdia afia os dentes e morde os calcanhares dos revoltosos.
Falar em formação docente poderia sugerir para alguns levar em conta a condição de vida (particular) dos profissionais em educação – quanto ganham, onde moram, etc., mas não é o caso, pois o que se discute aqui é a sua postura, sua práxis, sua metodologia em sala, seu relacionamento interpessoal com o aluno e não seu status, assim, independe de quanto ele ganha ou quais as outras funções que desempenha em outras instituições – eis o que diferencia um do outro: seu compromisso com o aluno. É uma área de atuação que requer uma visão que vai de encontro a valores a muito estabelecidos.
Essa não é uma tarefa fácil de ser desenvolvida, pois a Universidade prima o “conhecimento”, principalmente o que é produzido para salientar seu currículo. E é a partir das práticas arcaicas de grande parte de seus “professores” que esta se mantém alheia à realidade que a cerca, mesmo tendo a oportunidade de às vezes discutir com seus alunos sobre possibilidades e ações que vislumbrem capacitar a comunidade estes se encontram presos às questões políticas e hierárquicas das “Instâncias Superiores”. Visando com isso minimizar os *conflitos.
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*[do lat. Conflictu, ‘embate’, ‘peleja’, do lat. Confligere, ‘lutar’.]
S. m. Embate dos que lutam. 2; Discussão acompanhada de injúrias e ameaças; desavença. 3; Guerra (1). 4; Luta, combate. 5; Colisão, choque. 6; Psiq. Penoso estado de consciência devido a choque entre tendências opostas e encontrado, em grau variável, em qualquer indivíduo.
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