Um dia, recebi de minha irmã Auta, via WhatsApp, uma foto minha que acabei constando que, se não for a mais antiga, certamente que é a segunda mais distante do momento que vivo hoje.
Quem a vê, sem me conhecer um pouco mais pessoalmente, certamente jamais saberá quem estava ali dentro daquela “veste da alma”, que é o corpo físico humano.
Se meu semblante, o jeito como me comportei na hora do “flash” da câmera fotográfica, era de um menino supertímido, dentro daquela “casca” havia um verdadeiro redemoinho temporal, existencial. Sempre fui assim.
Aprendi, sem a ajuda de ninguém, a não ser diante das reações que tinha que ter por ocasião dos acontecimentos externos naturais ou de pessoas, desde a mais tenra idade que meu maior desafio era comigo mesmo.
Ainda muito pequenino, sem contar a presença de membros da própria família, na impossibilidade de conquistar amigos externos, criava-os e “interagia” com eles, mesmo no pensamento. Foi assim que tive meu primeiro amigo “invisível” o qual me “acompanhou” até os quatro ou cinco anos, ocasião que passei a fazer amigos extrafamiliar.
Na pré-adolescência, como falei na minha 8ª obra, “EGO, ME IPSO – Autobiografia”, como resquícios dessa fase de criança, nas tardes enquanto recolhido em um dos quartos da minha casa descansava, no pensamento contava (criava) histórias para mim mesmo onde por vezes eu também era personagem. Era muito interessante, pois em algumas delas acabava adormecendo e em sonho continuava a história. Não era difícil fazer isso, pois a base para tais histórias estava na leitura de muitas obras literárias emprestadas da biblioteca municipal da cidade.
Certamente que por não ter ainda o discernimento de um jovem ou adulto, por vezes “derrapava” em algumas ações e acabava por ser repreendido por meus pais. Faz parte do universo da criança e do adolescente.
Fazia tudo que estava ao meu alcance para não ser chamado a atenção. Estudava não porque meus pais mandassem, mas porque queria aprender, vencer. Por incrível que pareça, já pensava adiante.
Além das brincadeiras tradicionais daquela época inventava outras, de preferência bem inusitados, como por exemplo tirar pequenas colmeias de abelhas com a mão sei deixar-se ser picados por elas...
Já pré-adolescente, pertencendo a uma família de poucos recursos, ganhar dinheiro honestamente para meu lanche da escola, alguma peça de roupa, material escolar, bilhete parta assistir à matinê (cinema) no Cine Alvorada nas tardes domingos etc., não atrapalhou nem meus momentos de brincadeiras, nem de estudo.
Interessante que meus pais confiavam em mim, pois, mesmo com a rigidez da educação da época, me deixavam um pouco livre para eu decidir pelo que quisesse.
Jamais os decepcionei em qualquer decisão que tomei, não somente naquela época, como também até os dias atuais.
Logicamente que ao longo de nossa linha do tempo, por mais que queiramos acertar, cometemos muitos erros. Mas, certamente que aprendemos com eles também.
O que importa é que essa forma que tive de pensar e viver me ajudou muito a vencer obstáculos que, creio, não os teria vencido se não tivesse tido essa maneira de ser desde pequeno.
Enfim, continuo acreditando que meu maior desafio é superar a mim mesmo. Em outras palavras, não tenho que competir ou superar quem quer que seja, mas a mim e somente a mim.
Enigmas da vida...
[Pe. José Neto de França]
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