UM POVO EDUCADO NÃO PODE SER DOMINADO

Luciene Amaral da Silva


A educação é o maior mecanismo de formação e transformação de consciência que a humanidade já criou. Mas, é o que estão fazendo dela, ou seja, como estão utilizando-a, com quais propostas e objetivos que preocupa não apenas os educadores e cientistas, mas a sociedade em geral.

Platão, grande filósofo grego que viveu entre os anos 427/28 a 348/47 a. C., ao apresentar a metáfora do “Mito da Caverna”, descreve a situação geral em que se encontrava a humanidade. De acordo com ele, o homem está condenado a ver sombras na sua frente e tomar como verdade. Mas ao apresentar um meio do homem se libertar dos grilhões, aponta o conhecimento e a sabedoria como o caminho para essa liberdade.

Aplicando essa metáfora hoje, percebemos que a educação seria ou é o instrumento responsável para levar a humanidade a sair da caverna onde as verdades impostas por um grupo hegemônico não prevaleçam como verdades absolutas para a sociedade.

Mas, o caminho da sabedoria e do conhecimento é árduo porque hoje não pertence a todos. Quando a Constituição Federal assegura que a educação é um direito de todos e dever do Estado, não foi assegurado qualidade e eficiência cujo objetivo seria garantir ao cidadão meios contra qualquer forma de dominação. Presenciamos uma educação que está tentando alfabetizar seus alunos e formá-los apenas com o mínimo de conhecimento para poder trabalhar (escravizar) numa economia capitalista que cada vez mais enriquece um grupo pequeno a custo da exploração de uma massa.

Uma educação de qualidade com uma visão do sujeito como construtor de uma história individual e coletiva, geraria uma dimensão humanística e fortalecida para que não fosse vítima de falsas verdades, ou necessitasse acreditar em falsas verdades como meio de sobrevivência, portanto, um povo educado, não pode ser dominado, mas interessa a quem esse povo ser tão esclarecido a ponto de não se deixar enganar?

Quem quer ver um povo dono da sua própria trajetória, fazendo parte do sistema econômico, não como mero consumidor, modificando os sistemas de governo, participando de construção de orçamentos e colaborando em gestões administrativas que contemplasse a justiça e a igualdade? A ganância e o individualismo de quem representa o povo, não trazem consigo a essência desse mesmo povo.

Sendo assim, a trajetória para se chegar a uma educação libertadora passa pela atuação de profissionais competentes, com formação adequada, remuneração digna, estruturas adequadas, inclusão de todos e gerenciamento participativo, onde possa instrumentalizar os sujeitos a ponto de levá-los a dimensão de protagonistas da sua história, questionando, descobrindo e mudando.

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