POSTO, LOGO EXISTO

Luciene Amaral da Silva

Quando René Descartes disse "penso, logo existo", ele não tinha redes sociais. Ao analisarmos o comportamento humano a partir das postagens das vidas das pessoas nas redes sociais, sempre nos perguntamos sobre o que é real.

Desde o princípio, no tempo dos homens das cavernas, desenvolvemos ferramentas para registrar os acontecimentos da nossa vida, então postar fatos do nosso cotidiano nas redes sociais é uma prática que tem sua base na era primitiva.

Postar a vida nas redes sociais faz com que as pessoas sejam controladas pelas curtidas e visualizações. As redes sociais acabam possibilitando a participação em grupos que a partir dele, em que diversas atividades podem ser realizadas a partir delas.

Instagram, tiktok, X, todas com perfis diferentes, que atraem públicos diferentes e que formam um único pensamento: preciso ser visto para poder existir. E isso está levando a formação de uma geração que vive para criar cenários de vida que tragam muitos likes, e visualizações intermináveis, pois a partir da viralização posso dizer que agora existo.

E a manutenção desse status de existir a partir da vida projetada nas redes sociais, acaba trazendo adoecimento mental para as pessoas que não podem mais viver uma vida real, porque ela não viraliza.

A sensação de não poder postar uma vez, causa angústia, aumento do nível basal de ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos. Viver de verdade ficou chato e sem sentido. Viver de verdade não me faz ser destaque, por isso que muitas pessoas transformam suas vidas em um palco e depois, precisam pagar o preço de não saber mais quem são e nem o que vivem
.

Luciene Amaral
Doutora em Educação
contato para palestras, formação e cursos
instagram: @lucieneamaral_silva

Comentários