Não sei se você é fã de ficção científica, eu nunca fui – que pena que não me apresentaram essa literatura quando era mais nova, só que ‘antes tarde do que nunca’ surgiu para justificar essas lacunas.
À medida que fui estudando sobre psicologia e a partir da abordagem teórica/metodológica que escolhi, a literatura de ficção científica fez todo sentido: ela antecipa algo que nós até achamos loucura (exterminador do futuro de 1985 que o diga). Loucura, esse mundo de máquinas destruindo a humanidade.
E a lista de produções é grande: Metrópolis (1927), 2001 – uma odisseia no espaço (1968), Contatos imediatos do terceiro grau (1977), Aline, o oitavo passageiro (1979), Stalker (1979), Matrix (1999) e sempre estão produzindo mais.
Vamos pegar o último filme, Matrix que não parou apenas em um pelo caráter inovador da época. Iniciaremos pelo primeiro, de 1999. Uma matrix, como aponta Hélio Couto, é caracterizado como sendo uma construção mental, formado pelos preconceitos, crenças, tabus, tudo que se acredita que é verdade, as ilusões, a visão romântica da vida, o não querer ver a verdade, o não aceitar, o não compreender, a dissonância cognitiva do não agir, do não ver, uma visão superficial de tudo.
O grande livro de Geoge Orwell “1984” mostra como a matrix é feita e mantida para se conseguir “dominar”. Apenas aqueles que conseguem entrar na toca do coelho de Alice no país das maravilhas. Isso não é nada fácil e extremamente doloroso. É essa revelação que nos faz cada vez mais correr atras do que é fácil de aceitar, de ouvir, de conviver, de acreditar.
No primeiro Matrix (1999), Morpheus, o deus dos sonhos, filho de Hypnos, considerado a pessoa que pode acordar você da realidade que está dormindo ou hipnotizado. Ele propõe a Neo uma escolha, se quiseres conhecer a verdade precisará tomar a pílula vermelha (red pill) ou viver na ilusão tomando a pílula azul. Jesus Cristo há muito já fazia esse convite “conhecereis a verdade e ela vos libertará”.
Na história da Matrix é feito o grande alerta que a humanidade não sabe se consegue viver com ela: depois de tomar a pílula vermelha não tem como voltar, como no mito da caverna de Platão.
E como se conhece a verdade? A primeira coisa que Morpheus fala é que para encontrar a verdade você precisa conhecer a si mesmo. E toda a história continua afirmando: o tempo está contra nós, então decida logo, será que de fato temos escolha? O que existe dentro de nós? Quem comanda essa Matrix? É possível está na Matrix e não ser dela? Como saber quais histórias são verdadeiras?
Só me vem uma pergunta à cabeça: no que querem que a gente acredite? E quem é que quer?
Lembre-se, até escolher entre a pílula vermelha ou azul é uma escolha condicionada a tudo que fomos levados a acreditar.
Luciene Amaral
Psicóloga
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