Hoje de manha vi uma cena que a cada dia se multiplica nos consultórios de ultrassonografia. Uma jovem mãe foi grávida de alguns meses, foi fazer a ultrasson para saber o sexo do seu tão esperado filho do sexo masculino.
De repente sai do consultório com tanta raiva, decepção e chorando porque descobriu que seu filho era do sexo feminino. Essa era a quarta filha que ela tentava na busca de um filho homem. E chorava mais ainda porque tinha se submetido a engravidar para ver se conseguia ter o tão esperado filho homem que o marido tanto queria.
Droga, agora se ele quiser um filho homem que vá fazer em outra mulher, porque eu só faço filha mulher vea! Que maldade, que aniquilação da vida humana. Queremos fazer da natureza nossa serva, queremos que ela sirva nosso prazer, as nossas predileções.
Nessa cena real encontramos três momentos de reflexão: primeiro o domínio da natureza; segundo a desvalorização da mulher, da mãe, a soberania do desejo do marido, do homem; e terceiro a desvalorização da vida humana, que considero mais grave.
Que impetuosidade humana querer controlar a natureza da vida, definir qual o sexo de uma criança que deve ser determinado pela natureza. Tentamos até manipular a decisão da natureza não aceitando o que ela propõe e muitas vezes até desobedecendo as suas leis. Não somos nós que determinamos a natureza, e ela que nos rege através da divindade que lhe foi conferida. Deus não é nosso servo e a gente sempre esquece disso.
A família deve ser a união por consentimento de duas pessoas. Ser família é amar e respeitar o outro. Numa família pai e mãe é 5 a 5, e não 4 a mãe e 6 o pai. Sendo assim, quando se decide sobre a constituição da família através de filhos, dever ser uma decisão em comum. Nós devemos querer e não só você quer e por isso tenho que ter.
Quando se descobre a gravidez não se escolhe o sexo, se escolhe a saúde. A opção maior deve ser pela saúde e não pelo sexo. O que é mais importante é se a criança será saudável, terá um bom caráter, respeitará os outros, e não se é menino ou menina.
Não é a mãe a fábrica de filhos, a concepção deve ser do interesse dos dois porque ela só é feita com uma parte essencial de cada. Não se tem filho para agradar marido, esposa, vó, vô, por herança, para resolver uma relação, pra segurar alguém, se deve ter filho por amor, total amor e doação a ele, filho não deve ser objeto de solução, mas personificação do amor. A mulher não deve se sacrificar para ter um filho do sexo que agrade pai, sogra, tio, e nisso ela tenta o primeiro, o segundo, o terceiro e até doze filhos do sexo masculino até chegar a tão esperada filha que não veio. Daí, ainda se escuta alguém dizer no consultório a essa mãe decepcionada: para de tentar mulher tu não sabe que tu não faz menino?
E o terceiro ponto, o mais grave: a criança foi rejeitada pela mãe ao ser descoberta que não era o que ela esperava: droga! É outra menina. Que maldade, já fora rejeitada antes de nascida pela mãe e pelo pai, as pessoas que deveriam amá-la antes de todo mundo. E que pena que essa mãe nem percebeu que a criança sentiu, é tão certo que a criança sentiu, que geralmente do terceiro ao quarto mês ela revela o sexo através da ultrassom, mas quando ela é desejada com o sexo diferente, segundo os psiquiatras e outros especialistas da área das ciências da mente, a criança esconde o sexo durante vários meses para não decepcionar a mãe, outras nem revelam só ao nascer.
E geralmente seus nascimentos não são fáceis, pois ela resiste em não vir ao mundo para que não seja motivo de decepção para a família que não a queria desse jeito. E essa rejeição, segundo especialistas, fica registrada no inconsciente da criança que durante sua vida irá sempre apresentar um comportamento que faça retoma o fato de ter sido rejeitado pela família.
Como um ser humano que rejeitado desde o ventre materno se tornará um ser humano bom. Isso pode acontecer, não está determinado que a rejeição torna um ser humano bom um mal, no entanto, já se torna mais um entrave para a formação psicológica do sujeito. Muitas pessoas fazem as coisas e não sabem porque são assim, conheço varias pessoas que dizem que queriam ser diferentes, mas que não conseguem e não entendem porque não conseguem. Voltem ao seu passado, questionem pai e mãe, descubram o que houve em sua gestão, talvez seja o primeiro passo de um longo caminho para uma grande descoberta.
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