Submeti-me hoje ao processo mais duro de avaliação feito por um ser humano a outro: a avaliação da minha filha de seis anos.
Foi um processo natural, que partiu de uma situação comum do cotidiano e que a partir de uma expressão dela, veio a mente a curiosidade de saber como ela me avaliaria nesses seis anos de convivência.
Seria a avaliação mais sincera a que poderia ter acesso pelo fato dela não estar presa a convicções, preconceitos e paradigmas que usaria para avaliar. Sem medo de magoar a mim, e com a certeza de ser um processo normal, imaginando que, como mãe teria maturidade suficiente para ouvir e não fazer drama.
Confesso que fiz essa pergunta com medo de ver através dos olhos dela minha performance de mãe, mas saberia que seria uma experiência incrível que estavas prestes a viver.
De início, reportou à situação que vivera no horário da manhã e disse que eu não “ligava” para ela, “mas não é ligar de telefone não mãe, é ligar para o que eu falo e o que eu sinto. De manhã disse que estava com uma dor na barriga e mesmo assim você não me ouviu, fui para a escola e passei mal.”
Sim ela havia me dito, perguntei se era forte a dor ela disse que não, afirmou que queria ir para a escola porque hoje era dia de “cineminha” uma atividade que gosta muito e que tinha com pouca frequência.
“As mães têm que ligar para os filhos quando eles dizem que estão doentes.”
Outro ponto da avaliação “a mãe tem que ser educada e gentil, quando o filho pedir uma coisa ela pode dizer não, mas tem que dizer com gentileza e não com grosseria, eu não sou grosseira com você. “
“A mãe tem que gostar das coisas do filho, assim quando ela for na cozinha fazer alguma coisa, vai fazer uma comida que os dois gostam.”
“Mãe tem alguém de quem você não gosta?” Sim, tenho. “Então a mãe deve gostar de todo mundo assim como eu gosto de todo mundo.”
“Mãe tem que ser sorridente, você as vezes fica mais com raiva do que sorrir, eu sou sorridente.”
“Mãe tem que ensinar tudo ao filho, às vezes eu aprendo pelos outros, coisas que você deveria ter me ensinado. Eu não sei das coisas você precisa me ensinar tudo e responder tudo porque eu não sei.”
“Mãe tem que saber escolher looks bons para a filha, e saber se a filha gostou também.”
“Mãe tem que ser bem carinhosa, assim como você faz comigo.”
O seu olhar, sem maturidade, mas baseado na percepção infantil da realidade que a cerca, nos leva a refletir onde estamos errando e acertando, como ela vê essa relação e qual sua concepção de mãe e de mundo.
Foi uma experiência interessante de viver, levantou alguns questionamentos e confirmou algumas certezas, mas o que realmente aprendi, é que como não temos um manual de como ser mãe é no amor que encontramos base e medida para criar.
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