Deparamo-nos constantemente em nossa realidade com situações absurdas de descaso com a saúde publica, tanto por parte do poder público, que sempre está “com a corda no pescoço” sem “saber” como destinar recursos, quanto por parte de tantos profissionais de saúde que muitas vezes esquecem seu código de ética e esquecem que estão a cuidar de seres humanos, desconhecendo também sua humanidade e tanto quanto por parte de uma população com o mínimo de informação e instrução para se prevenir de doenças que bastariam atos de higiene pessoal para reduzir esse quadro alarmante de doenças e mortes, em especial de crianças.
Numa conversa informal com um médico do Sistema Único de Saúde (SUS), ele dividia comigo a angústia de trabalhar em uma unidade de saúde na zona rural de um determinado município e testemunhar o aumento do número de mortes entre crianças e mortes em sua maioria por desnutrição.
Como é possível cuidar da saúde de quem está com fome senão alimentando? Remédios e tratamentos não podem ocupar o lugar que pertence a alimentação. Mesmo diante dessa realidade, os municípios ainda convocam reuniões para que os médicos expliquem o motivo de “permitirem” que tantas crianças venham a falecer, enquanto a assistência e a dignidade a essas famílias estão sendo negadas. Diante de um quadro de mães desnutridas, com famílias numerosas e escassez de alimentos, tendo que passar privação de muitas coisas, sem instrução, torna mais difícil a eficácia do trabalho de um médico.
Outro problema grave acentuado pelo médico em questão é a dificuldade que o eles encontram em conscientizar a família sobre questões que iriam garantir uma vida menos sofrível e menos doente, como planejamento familiar, higiene pessoal. Conheci mulheres que enterravam a pílula anticoncepcional para o marido não saber que ela estava tomando, era a única maneira que ela encontrava para conseguir fazer o controle sem que ele impedisse, outra que em seu depoimento afirmava ser espancada pelo marido ao descobrir o anticoncepcional.
Assim, podemos perceber que se a educação não anda bem a saúde também definha e agoniza como duas irmãs que precisam de meios que garantam a sobrevivência uma da outra. E esse papel de educador deve ser assumido não apenas pelos professores, como também pelos profissionais da saúde, pelo governo, pelas religiões, por ONGs e por toda a sociedade. É preciso elevar a qualidade de vida das pessoas devolvendo-lhe a dignidade partindo da instrução.
Se cada um fizer o que deve ser feito, sem se preocupar com o outro que não está fazendo, poderemos acreditar numa melhoria da qualidade de vida para todo o planeta.
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