O SONO DA COLUMBA

José Malta Fontes Neto

A Ordem Rosacuz AMORC, organização mística, cultural e filosófica tem em seus corpos afiliados belíssimos encontros para estudos, meditação e comunhão cósmica. Dependendo do corpo afiliado existem cerimônias muito bonitas. Uma dessas cerimônias são os encontros de Templo em que muitos oficiais participam. Não é nossa intenção revelar nenhum ritual, pois esses encontros são restrito a membros, mas aqui cabe essas observações para que os leitores possam entender essa crônica.

Nos encontros de templo existe um oficial que representa a pureza e o todo. A Columba é uma jovem com idade entre 9 e 16 anos, filha de membros da Ordem e que cabe a ela o inicio e o término do encontro. A vestal entra com sua roupa branca conduzindo uma vela, faz a sua parte no inicio do ritual e depois senta-se em local destinado a ela para junto com os demais oficiais e membros participarem do momento tão especial. A ela também é incumbida a tarefa de encerrar as atividades.

Foi nesse cenário que nos encantamos com a nossa querida Sarah, que quando completou a idade necessária passou a contribuir para a causa Rosacruz no Capítulo Arapiraca, corpo afiliado da organização.

Participei intensamente das atividades do Capítulo Arapiraca, me descolando de ônibus aos sábados a tarde e durante muito tempo fui um dos integrantes da família do meu irmão Oliveiros Nunes, pois a Regina já disponibilizava tudo para o nosso pernoite naquela cidade após as reuniões. Estava tão habituado e tão familiarizado que a nossa columba, quando eu não chegava telefonava e com a voz que ainda hoje escuto dizia:

- você não vem hoje não é Malta?

Eu ficava até constrangido, pois sentia a decepção na menina que me esperava todas as semanas.

Mas vamos voltar aos encontros Rozacruzes e o motivo dessa crônica. A Sarah na sua inocência muitas vezes cumpria suas obrigações iniciais no ritual e depois ao sentar confortavelmente no local a ela destinado caia num sono profundo. Às vezes era preciso Oliveiros, que era o Mestre do capítulo e pai da Sarah, chegar pertinho tocar-lhe nos ombros e suavemente com um sorriso belo no rosto dizer:

- Sarah já terminou...

E assim aos poucos ela despertava, seu rosto dava aquele sorriso que acredito que todos que participaram desses momentos lembram, se levantava e suavemente concluía a sua missão.

Hoje a pequena columba é minha psicóloga, amiga, confidente e está mais acordada do que nunca, pois às vezes nos encontramos virtualmente no MSN até altas horas. A menina Sarah não mudou muito, apenas cresceu um pouquinho, mas o sorriso continua o mesmo.

A você Sarah nossa gratidão... É bom lembrar esses momentos.

Paz e Felicidade.

Santana do Ipanema – AL, 07/11/2008

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