CANOEIROS DO IPANEMA

José Malta Fontes Neto

Nos pequenos frascos estão os melhores perfumes. (Dito Popular)

Começo essa crônica com essa citação que conheci por meio de ditos populares, mas pesquisando no google, encontramos várias adaptações, todas com o mesmo sentido.

Inicio com este pensamento pois acabo de ler o opúsculo “CANOEIROS DO IPANEMA”, de autoria do competente escritor, historiador e professor Clerisvaldo B. Chagas, e, assim como ele próprio afirma na introdução da obra: […] páginas reduzidas de grande significado (CHAGAS, 2020 p. 5). Concordo em gênero, grau e número com essa assertiva.

Esta obra é de suma importância para todos aqueles nascidos após 1969, ano em que foi construída a ponte General Batista Tubino, sobre o rio Ipanema, que liga o centro da cidade ao bairro Domingos Acácio, AL-130.

Antes dessa construção, a travessia do nosso principal acidente geográfico, especificamente na zona urbana de nossa cidade, era feita por meio dos canoeiros, atividade que perdurou de 1943 a 1969, ou seja, 26 anos.

É sobre essa atividade que o escritor, historiador e professor Clerisvaldo B. Chagas fez uma minuciosa pesquisa e trouxe a lume dados importantíssimos, na obra em análise.

Encanta-nos a riqueza de detalhes que o autor aborda, frutos de seus conhecimentos sobre o nosso Rio Ipanema, uma vez que ele percorreu a pé toda a extensão do rio, desde a nascente em Pesqueira, no vizinho estado de Pernambuco, até a foz, quando o Ipanema desemboca no Rio São Francisco, no município alagoano de Belo Monte.

Mas é no trecho do Poço do Juá, no centro de Santana do Ipanema, na confluência dos afluentes do Ipanema, riachos Camoxinga e Salobinho, que a pesquisa se atém, com a riqueza que destacamos. Além da situação geográfica, o autor apresenta um histórico dos canoeiros que faziam as travessias e suas canoas, a fabricação dessas embarcações e os detalhes das travessias.

Fatos oriundos da oralidade, um dos meios encontrados pelo autor para fundamentar sua pesquisa, são interessantes, e causos interessantes são narrados. Deixo ao leitor a indicação para que veja, nas páginas 15/16, o relato apresentado pelo autor de como o padre José Bulhões fazia a travessia em tempos de cheia do Ipanema, com sua burra na canoa – vale a pena ler.

Outro tema de grande importância é o relato da construção das duas pontes sobre o rio Ipanema no perímetro urbano de Santana do Ipanema, a primeira construída em 1951 e a última em 1969, como já citamos.

Não podemos esquecer de que esse opúsculo tem também uma rica iconografia, com fotos históricas de grande significado.

Queremos também enaltecer o prefácio, feito com esmero pelo escritor e também professor Fábio Soares Campos.

Por fim, queremos parabenizar o autor por esse belíssimo trabalho e referendá-lo para todos que gostam da história de nossa terra, assim como a indicação para que nossos estudantes possam ter acesso a essa obra, pois não tínhamos visto até então nada que retratasse os CANOEIROS DO IPANEMA.

VIVA NOSSA LITERATURA!

Santana do Ipanema – AL, 09 de maio de 2021.

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