Valdemar era um primo de minha mãe. Viveu toda sua vida no interior do município de Olho D’água das Flores, num Povoado chamado Pedrão. Dificilmente ia à cidade. E quando ia, era única e exclusivamente pra visitar, seus parentes mais próximo. No caso, minha saudosa, avó materna, Dona Amância, era sua tia. E alguns primos, como Dorival Bezerra, contador e funcionário do fisco aposentado, e ex-prefeito daquela cidade. Esse é, nosso tio, irmão de minha mãe, Dineusa Bezerra.
Valdemar, aos quarenta e poucos anos, lá pelos idos de 1975. Ganhou de Enéias, Seu irmão que ainda hoje mora no Rio de Janeiro, passagens de ida e volta ao Rio, pra ir visitá-lo. Fez as malas, e embarcou rumo ao destino. Uma vez lá. Muitos abraços. Muitas saudades. E perguntas como estavam todos por aqui. Uma das filhas de Enéias, uma menina na época com uns doze anos, que nascera lá no Rio, ficou muito admirada, com o modo de falar do matuto. E não parava de fazer-lhe perguntas. Unicamente, pra ver-lhe falar, porque achava interessante o sotaque arrastado do seu tio alagoano.
Naqueles meios, a menina lembrou-se que a professora, falara na aula de português, que no nordeste brasileiro, o sertanejo, trocava a pronúncia de algumas palavras. “Por exemplo - dizia a professora – abóbora, lá eles chamam de jerimum”. A menina quis tirar a prova:
-Valdemar, como é que vocês chamam abóbora?
-Minha fia, nóis chama é abróba mermo!
A noite foram todos, numa pracinha do bairro da cidade maravilhosa, onde estava acontecendo uma quermesse. Um cidadão, soltava fogos de artifício ali. Valdemar se aproxima do homem. Muito admirado. E por incrível que pareça, nunca tinha visto, alguém soltar foguetes, pelo menos daquele tipo e com aquela capacidade de artifício. E querendo matar sua curiosidade pergunta:
-Seu Zé! Cuma é o nome desses bichinhos que o inhô, tá sortando aí?
O Carioca pego de surpresa. Apenas respondeu mais admirado ainda.
-Ah! Eu ignoro!!!
Ao retornar a sua terra natal, Valdemar muito eufórico, contava pros parentes alagoanos, tantas novidades que viu. Entre estas dizia:
- Eu vi um cabra, soltando uns bichinhos que subia! Subia!
-E como era o nome disso aí Valdemar?
-Diz ele que era uns ignoro. Pense que ignorinho pra subir!
*Fabio Campos *É professor em Santana do Ipanema – AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com
Comentários