Fim de ano chegando. Tempo de paz, alegria confraternizações. Nos lares, nas repartições só é o que se fala. Nas festas mais humanitárias do ano, o Natal e o Ano Novo. As ruas, as casas, as almas se vestem pra celebrar a vida! Que revistam-se também de muito amor os corações da humanidade.
O comércio aquece as vendas. Apostando nisso os comerciantes contratam mais funcionários. São os chamados empregos sazonais. Tem oportunidade pra todo mundo. Moças e rapazes recrutados para o exército das vendas de fim de ano. E lá estão eles e elas, sorriso no rostos joviais, tentam conquistar a simpatia de clientes e quiçá a dos patrões. Pensam numa contratação definitiva. É só ter fé.Tem oportunidade pra velhinhos também, basta ser simpático, gordo e ter uma vasta barba branca que é contratado pra Papai Noel de porta de lojas, bancos, repartições públicas e etc.
A Loja Guanabara móveis e eletrodomésticos, existiu na década de oitenta. E ficava ali no comércio de Santana, na entrada da Rua Antonio Tavares (antiga rua do sebo). Envolvido com o aquecimento das vendas de fim de ano Mané da Guanabara, proprietário da loja, negligenciou essa questão de contratar um papai Noel pra animar sua loja na véspera do natal. Afinal aconteceria o sorteio de um fogão e uma bicicleta entre os fregueses que compraram na sua loja ao longo da campanha natalina. Lembrou-se muito bem de contratar Cícero Lopreu, pra pintar a fachada da Loja. A pintura estava gasta e o letreiro desbotado. No final do expediente, Mané entra no bar Comercial que ainda hoje existe e está lá na frente da extinta loja. Com ares de muito preocupado pede uma cerveja e conversa sobre seu problema com o amigo, e proprietário do bar, Mário Pacífico. Nisso, entra Cícero Lopreu que dera uma pausa no letreiro pra tomar "uma". Pretextos à parte,seria pra calibrar os nervos e conseguir controlar o pincel. E por acaso, ouve o problema que seu "patrão" acaba de contar a Mário. E interfere:
-Ôxe Mané! O problema é esse? Deixe que eu arranjo um "Papai Noel" pra você!...
-Arranja mesmo Lopreu?...
-Deixe comigo...
Mané da Guanabara abre um sorriso. E vai pra casa tranquilo ciente de que seu problema estava resolvido. No dia seguinte loja cheia véspera de Natal. Mané apreensivo aguarda o seu "papai Noel". E chega Lopreu, cheio de cana, mal se segura de pé.
-E aí Lopreu cadê o homem?
-Sou eu...
-Como? Você!!!
Mesmo contra a sua vontade foi ele mesmo. Lopreu passou o dia inteiro: De gorrinho e roupa vermelha, barba postiça. Um saco as costas, tocando um sino. Balançando as pernas devido ao alto estado de embriagues e suando pitú por todos os poros! O "OH,OH,OH!" Inflamável foi dispensado e Mané teve o cuidado de colocá-lo num lugar inacessível aos seus fregueses pra que não desmaiassem caso chegassem perto e sentissem o bafo de cana do "seu" papai Noel preto e bêbado.
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