Eles eram três irmãos, Abdon, José e João Soares Campos. Muito antes de se tornarem, bem sucedidos comerciantes e pais de família exemplares, viveram na juventude, vida boêmia e andante. Batiam todo o sertão e agreste alagoano e dos estados circunvizinhos. Sendo inclusive, banqueiros de jogo de baralho. Hoje em dia, já se encontram os três no "andar de cima". O caso que passo a contar, aconteceu com dois deles, meu pai João e tio José Soares.
Chegaram certa vez, na cidade de Neópólis no vizinho estado de Sergipe. Passaram ali, vários dias em casas de jogos de azar e em mesa de bar. Como nada conseguem, acabam por desistir. Já se preparavam pra enfrentar a estrada, quando avistaram um defunto sendo conduzido pra sua última morada. O cemitério ficava, e muito, fora da cidade. Os dois apressam o passo e alcançam o cortejo. Em certo meio, o féretro pára, pra que se revezem no translado. Não são muitos os que conduzem e o sol está a pino. Daí, meu pai se prontifica e segura numa alça do caixão. Mais adiante, cutuca um dos que estão a sua frente, e cochicha:
- Vocês não tem aí uma cachacinha guardada?
Era um familiar do defunto que muito irritado esbraveja:
O senhor quer esculhambar o negócio!...Isso aqui é o enterro da minha mãe, e o senhor vem falar em cachaça! Faça-me o favor!...Aqui não!
Então meu pai e tio Zé Soares, tiveram que sair de fininho enquanto o enterro seguia seu destino.
Fabio Campos
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