Diante de um convite para ir uma feira Literária, o apresentador global, das tardes dominicais Fausto Silva, talvez dissesse: “Eu sou do tempo que ir a uma feira literária, era só ir ao mercado comprar sopa de letrinhas!”. Dando imaginação as nossas asas, pensemos: O que será que teria pra se vender numa Feira Literária?
Muitas, mas muitas palavras mesmo. Palavras que a muito não se viam, ao se encontrarem vão se abraçando. Palavras de alegria festejando reencontros! Palavras saltando de boca em boca, que euforia! Palavras de carinho, palavras de atenção. Palavras se esbarrando em afagos, e em cumprimentos cortês.
Palavras velhas com cara de menina! Palavras que perguntam como estão outras palavras, se ainda tem saúde, se ainda vivem. Palavras contidas encerradas no céu da boca, talvez presas nos balões dos pensamentos. A se pudessem escapar! Palavras que embargam a voz, gesticuladas saem dançando nas mãos do inflamado orador! Palavras que explodem do microfone pra caixa amplificada, e enchem o ambiente e saem deslizando por cima da pele da assembléia atenta, emocionam, feito centelha de fogo, fazem marejar os olhos de quem ouve, cada vocábulo vindo da tribuna. Palavras obrigatoriamente adocicadas pela língua do chefe de cerimônia.
Palavras traquinas, meninas peraltas, sussurradas na concha da mão passando pra concha do ouvido e que desata no interlocutor uma risada incontida que devia ser contida. Palavras ajuntadas pra contar um caso, ou cantar. Feitas de petróleo e de nanquim, caladas coitadas, decalcadas em folhas branquinhas em papel sulfite 0,7mmg pela máquina oof set. Tão comportadas, repetindo sempre as mesmas frases toda vez que uma mão boba se atreve abrir a brochura.
Assim é uma feira literária: Balaios cheios de Substantivos. Pronomes e Verbos macaqueando nuns cordões. Esteiras cheias de Adjetivos e Artigos já definidos e outro tanto indefinidos ainda. Sacolas cheias de Numeral Cardinal e (des)Ordinal. Advérbios ali na “cola”, se amparando na sombra, das locuções adverbiais. Preposições intermediando um papo entre substantivos e pronomes. Conjunções “segurando vela” do namoro dos substantivos com os adjetivos. E os eternos rompantes e chiliques nervosos das famigeradas Interjeições, assim deve ser uma feira literária.
Prometo, quando terminar a 1ª Feira Literária de Santana do Ipanema 1ª FELISI. Sentar-me-ei a frente da máquina pra discorrer das emoções que vieram aflorar em nós. Literalmente, literariamente falando. Aos amigos com muito carinho, nossos agradecimentos pelos cumprimentos carinhosos.
Fabio Campos 30.05.2012
Parabéns a Diretoria provisória da então fundada, Academia Santanense de Letras: Malta Neto presidente, Marcello Fausto, secretário e Doutor Avelar tesoureiro.
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