O PINGUIM DE SEU NÔZINHO

Fábio Campos

Contava-me minha mãe que da porta de casa, viu surgir a sorveteria “O Pinguim”. Erguida pelo então intendente Firmino Falcão Filho, lá pelos idos de 1955. Intendentes, assim eram chamados os prefeitos municipais nomeados pelos governadores de estado. Mamãe viu tudo ser feito, desde o começo. Desde a medição, ao alicerce, a concretização e a inauguração. Na parte de baixo funcionava sorveteria e lanchonete, a parte de cima servia de palanque oficial. O largo do Monumento se tornaria assim, palco dos mais importantes eventos da cidade fosse cívicos, religiosos ou populares.

“O Pinguim” mudaria de dono por mais duas vezes, pertenceria a doutor Adelson Isaac de Miranda, odontólogo, e diretor do Ginásio Santana, que o entregaria ao seu sobrinho, apelidado de “Pé de Pato”. Este mudaria o nome do estabelecimento pra outra ave: “Toca do Pato”. Outro proprietário que também foi administrador municipal, o empresário da construção civil, senhor Paulo Ferreira de Andrade.

“A Toca do Pato” mudaria de inquilino, várias vezes. Sendo alugada por dois forasteiros, da vizinha cidade de Jacaré dos Homens, primeiro Seu Arlindo, e depois Seu João da Toca, que tentariam mudar o nome pra “Toca do Jacaré”. Porém os nomes já consolidados: “Toca do Pato” pelos mais jovens, e “O Pinguim” pelos mais antigos persistiria. Depois passaria pelas mãos de “Canário” pai do ex-vice-prefeito e ex-vereador Edson Magalhães, que poderia ter tentado um novo nome de ave: ”Toca do Canário” ao meu ver, seria outra vã tentativa. Ainda com o formato de lanchonete passaria pelas mãos de Olival um ex-mascate vindo de Palmeira dos Índios, depois por Cesar Ferreira Barros, filho de dona Zilda, e neto de dona Beatriz, dona do “Hotel Santanense” que ficava ali próximo.

Os últimos inquilinos do “Pinguim”, que ao longo do tempo passou por várias reformas na sua estrutura física, foram Paulinho que o transformou em restaurante. Atualmente está sob o comando de Ricardinho das Verduras que radicalizou transformando o “Pinguim” em uma quitanda! O ponto chique da cidade, que jubilou sendo lugar de degustação de uma bebida, um petisco, uma música, lugar de laser e entretenimento, relegadamente virado em mercado de frutas e legumes.

Figuras ilustres tiveram passagem por aquela simplória construção do meio da rua: Governadores como doutor Lamenha Filho, Alysson Paulinelle ministro da agricultura do presidente Ernesto Geisel [1974-1979]; governador Guilherme Gracindo Palmeira; cantores a exemplo de Valdick Soriano, Adelino Nascimento, Odair José, o humorista Pedro de Lara, o mágico LoasterJane e Herondy, Carlos Moura. Alguns se apresentaram artisticamente no velho palanque: Canindé, Zé Castor, Zé de Almeida, Chico Santos, Junior Bahia, Os Naturais, Dênis Marques, Miguel Lopes e Banda MC7.

A turma do Pinguim, assim se autodenominaram os jovens que moravam no bairro do Monumento nas décadas de sessenta e setenta e que frequentavam “O Pinguim” e suas imediações, a praça da Bandeira. Se ajuntavam nos bancos da praça pra bater papo, namorar, paquerar estudantes do Ginásio Santana. Era tempo do “Brasil: Ame-o ou deixe-o!” lema dos governos militares. Tempo a repressão. Tempo os movimentos hippies, que lançavam modas, calça boca de sino, medalhões, cabelo Black Power, tamancos, tatuagens.

Lembrei-me agora de uma figura excêntrica, daquela época, Seu Albertino eletricista, soube tempos depois que era irmão de Seu Leuzinger, dono o hotel Avenida. Seu Albertino frequentava a mercearia e café do meu pai, João Soares, que ficava por trás do “Pinguim” estava sempre de camisa de mangas compridas, talvez pra esconder a grande quantidade de tatuagens que tinha pelo corpo. Gostava de pronunciar frases em inglês, disse que aprendeu o idioma americano apenas “de ouvir” os gringos no cais do porto de Santos-São Paulo. Gostava de me provocar, eu era apenas um garoto, dizendo: “Wanna go to hell boy!” Como um: “Vai se ferrar menino!” Depois de ouvir mil perguntas sobre suas tatuagens. Como se aquilo fosse algo do passado, e lá deveria ficar.

CADÊ? Fiquei curioso de saber a origem dessa palavra, amplamente usada no nosso idioma pátrio. “É um Advérbio de modo a indicar uma pergunta, “quede?”; onde está? [gramática]; Forma reduzida de: “que é de?” Etimologia do termo cadê. Fonte: dicionarioonline.com.br

UM POUCO DE HUMOR PRA ENCERRAR:
PERGUNTAS UM TANTO QUANTO IDIOTAS:
POR QUE ZECA PAGODINHO CANTA SAMBA E EXALTASAMBA PAGODE?
SE O VINHO É LÍQUIDO COMO PODE TER VINHO SECO?
SE A LARANJA É DA COR LARANJA, LIMÃO NÃO DEVIA SE CHAMAR DE VERDE?
SE O ORIENTE É MÉDIO O OCIDENTE É ALTO?
SE TODOS OS DIREITOS SÃO RESERVADOS, OS ESQUERDOS SÃO DESINIBIDOS?
UMA PESSOA PELADA PODE LEVAR UM TIRO A QUEIMA-ROUPA?
ADÃO TINHA UMBIGO?
PINGUIM TEM JOELHOS?

Fabio Campos,31 de outubro de 2023.

Comentários