Palavra é moça atraente, ou cabra carrancudo. Depende da maquiagem e da roupa que está vestido. E se não temos habilidades para algumas delas, pode ser que fique enrolando na língua, literalmente. E não consiga nem sair da boca. Palavra difícil em mãos estranhas, é como se ir à praia de terno. Sou apaixonado por elas.
No tempo de jovem, ouvi um canto nos círculos de igreja, que dizia “Palavra é uma ponte onde o amor vai e vem”. As Sagradas Escrituras nos fala: “E o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1:14” Quando quiser falar com o Pai Eterno abra a Bíblia! Ele está ali te esperando, a todo instante.
E pensar que tem pessoas que usam palavras para o mau. Sabia que tem gente doente por causa de palavras? Hipopotamonstrosesquipedaliofobia, é o medo mórbido de palavras grandes! Às vezes precisamos pegar palavras “por empréstimo” para dizer alguma coisa. Isso porque tem palavras que tem mais de um significado.
A palavra “estado” por exemplo, que tem origem no latim “status” que significa posição, situação, condição, forma de governo, regime. O dicionário Priberam (aqui na web) trás nada mais nada menos que quatorze diferentes significados para essa palavra: modo pessoal; modo geral; maneira em que a matéria se apresenta (física e química); posição social; circunstâncias profissional; Nação; cada um das unidades federativas de um país; domínio; ostentação; séquito; Leis ordinárias de um país; prevenção armada com receio de revolta; modo de vida, estado civil; estado da arte, estado de emergência; estado de graça; estado de sítio; estado interessante (gravidez); tomar estado (casar-se); estado novo (regime político).
Dependendo do modo e colocação em que usamos um desses “estados” podemos provocar certa confusão. Foi o que aconteceu com meu amigo Tonho Neguinho, lá de Senador Rui Palmeira. Chegado que é, a tomar cana, apreciador de manguaça, no popular pingunço. Foi obrigado a ir ao médico. E o esculápio depois do exame, diagnosticou:
-No estado que o senhor se encontra não pode de modo nenhum consumir bebida alcoólica!
No outro dia Tonho se mudou pra Canindé de São Francisco –Sergipe. Foi morar como o filho Carlos Antonio, pra poder continuar sua sina de “bebum”.
Meu neto Thômas Kael, de apenas três aninhos, completados por estes dias, está se familiarizando aos poucos com as artimanhas da língua. Tem palavras que se enrola todinha na sua boca e sai toda torta. Helicóptero, tartaruga, pirulito, vídeo game. Essas palavras apesar de já tê-las assimilado e saber a que signo cognitivo referem-se, saem assim: Pitcóro, tartagura, pitilio e vigo jame.
No linguajar matuto, encontramos expressões supimpas! Pra dizer que a mulher já teve bebê,o homem roceiro costumar usar construções linguísticas como: “Deu a luz” ou “Descansou”; Alguém com indisposição intestinal: “andarço” ou “farnicim”. Vomitando é “provocando”. Se quer urinar o matuto diz “-Quero verter água”. Um remédio pode ser chamado de “caxéte” ou “meizinha”. Pra perguntar qual é o nome de uma pessoa: “-Qual é a sua graça?”
A rede Globo de televisão quer saber que nome deveríamos dar pro Tatu, mascote da Copa de Futebol de 2014. E dá inclusive algumas sugestões, dentre as que estão postas, a mais horrível que achei foi: Fuleco! Aqui no sertão lembra “Fuleiro” que significa reles, falta de bom gosto. Creio que deva vir de foleiro, aquele que manuseia um fole. “Maloqueiro” é palavra pejorativa. Aqui entre nós significa vagabundo, aquele que anda em malocas, em bandos, o coletivo seria súcia.
Palavras novas estão surgindo. Pois palavras são como gente. Elas nascem, crescem ficam velhas e morrem.
Teve um outro matuto (amigo de Tonho Neguinho) que também precisou ir ao médico só que seu problema era hemorróidas. A sua filha lhe orientou:
-Pai quando o médico perguntar onde é que dói. Diga que o problema é no ânus.
Sala de espera cheia. No meio da consulta, o pai abre a porta do consultório, só a cabeça de fora, pergunta:
-Ô minha “fia”! Como é mesmo o outro nome do c...?
Fabio Campos 16.11.2012 No blog fabiosoarescampos.com Conto inédito: “O Quinto Dia”
Comentários