Está aberta a temporada de caça. Os candidatos desse pleito eleitoral estão a pleno vapor, varrendo todo o estado à caça de votos. Um fenômeno vem ocorrendo, a mudança no jeito de se fazer campanha, elas estão ficando cada vez mais sofisticadas. No tempo de Arnon de Melo e do Major Luiz os candidatos embrenhavam-se pelas veredas do sertão, agreste e zona da mata, em busca dos coronéis e iam de casa em casa, fazendo o corpo a corpo. Isso funcionou por todo período militar. Depois viria a era da Poluição visual, sonora, ambiental, etc. Fase terrível! Albérico Cordeiro, que Deus o tenha, não poupou de pichações nem as chaminés das centenárias olarias de Satuba. Quem ia pra capital, até no alto das serras via “Cordeiro trabalha”.
Estamos na era da campanha de plástico e da multimídia: Adesivos; fofocas e intrigas via internet: Sites, Twiters e Blogs; passeios de helicóptero pelo estado. Cadê aquele candidato a deputado estadual? Que dizia no horário político: “Vou dizer meu número, mas sei que vocês não votam em mim, sou candidato e quero me eleger só pra me dar bem!” Esse pelo menos era sincero, assim como está sendo o humorista Tiririca. Tem aqui em Alagoas, um circense candidato a deputado. Seu lema: “É melhor ter na Assembléia um palhaço deputado do que um deputado palhaço!” Desse jeito vira circo sem precisar cobrir de lona.
E o eleitor? Esse fica só assistindo. O horário eleitoral está dando mais IBOPE que Zorra total, Casseta e Planeta e o Show do Tom, juntos. Tanto que os humoristas, na cidade do Rio de Janeiro, semana passada, fizeram uma passeata de protesto. Assim é covardia, não dá pra competir com os candidatos, eles estão hilários demais.
Agora, se tem uma coisa que todo candidato vive fugindo, antes, durante e depois da eleição, é do eleitor mercenário. Aquele que de toda maneira, tenta tirar deles, qualquer coisa. E não apenas de um, mas de todos.
José Francisco Carvalho Cavalcante, o saudoso véio Zé, pai de Juarez, foi candidato a vereador em 1988 e ganhou a eleição. No outro dia estava no bar das sinucas de Zé Soares, nisso chega Zé Pequeno, um caboclo atarracado, dali das bandas da Sementeira. Desses cabra sabido, que dá uma de matuto besta. Se dizendo eleitor dele, puxou a seguinte conversa:
-Seu Zé, eu vim buscar a máquina de plantar feijão que o senhor me prometeu?
-Eu prometi a você foi?
-Foi!
-Certo, depois a gente vê isso.
Olhando pro cigarro entre os dedos, que o mais novo edil santanense ia acender, indaga:
-tem o “irmão” desse?
Não tinha, constatou que aquele era o último, amassou e jogou o maço vazio fora.
-Seu Zé tem dez conto aí? É mode eu comprar um cachéte de píula pra muié que tá doente?
-Agora mesmo tenho não.
-E isso aí no bolso o que é?
-É um vidrinho de colírio.
-Bote um pouquinho aqui no meu olho.
Fabio Campos 26/08/2010 É Professor em S. do Ipanema –AL.
fabiosaoacam@yahoo.com
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