A todos os cinéfilos, nas pessoas de João Neto filho de Seu Liô e Doutor Racose Marques, dedico esta crônica.
Era esse o título do filme, um longa metragem, produzido em 1971. Boa parte dele rodado no município de Santana do Ipanema. Foi tema da crônica intitulada: “O Dia Em que Santana foi Para a Tela do Cinema” do nosso amigo, professor Marcello Fausto, licenciado em Geo-História e Filosofia, autodidata no estudo do Cangaço e do padre Cícero. O texto ilustrado com fotos, está disponível no site www.alagoasnanet.com.br. Vale a pena ver.
Para nós santanenses, desde aquela época, foi motivo de orgulho, ver nossa cidade transformada em cenário de uma trama cinematográfica. Inclusive houve a participação de santanenses, como atores coadjuvantes. Eu particularmente tinha um primo (in memorian) José Bezerra Soares (Zé de Tatá) que participou no papel de jagunço. O filme recebeu, no mesmo ano que foi produzido, o prêmio “Coruja de Ouro”. Um mérito concedido pelo INC – Instituto Nacional de Cinema, na categoria, fotografia em preto e branco.
Qual foi, nossa surpresa e lisonjeados ficamos, em ver nosso nome, na lista dos colaboradores com o cronista, na feitura do texto (ibdem):
"Colaboração fundamental na Pesquisa: João Neto Felix Mendes (João de Seu Liô), José Arlindo de Oliveira (Jota Arlindo), Fábio Campos, Gilson Saraiva (Gilson Alfaiate), Carlos Alberto Mata de Oliveira (Carlos sabão) José dos Santos (xocant's)."
Nossa colaboração, limitou-se à indicação, do amigo Jota Arlindo, como um dos que nós sabíamos ter participado do filme. Outras informações poderíamos ter acrescentado, pois só fomos lembrando posteriormente. Inclusive depois de ver as fotos e a crônica publicada. Por exemplo, a cena em que o Calixtinho, desfila em pé, encima de um andor, carregado pelos jagunços, enquanto uma multidão o acompanha. Foi filmada na Avenida Coronel Lucena Maranhão.
A cena do julgamento do fazendeiro Alberto Lopes, em que o senhor Alberto Nepomuceno Agra, santanense, proprietário da Farmácia Vera Cruz, faz o papel de Juiz de Direito. Ocorreu dentro do antigo Tribunal de Justiça de nossa cidade que funcionava onde hoje é o prédio da Câmara de Vereadores.
Os atores, parte deles, ficaram hospedados no hotel Avenida do senhor Leuzinger. Inclusive a Margarida Cardoso que faz o papel da viúva Geracina. Essa, Doutor Racose não sabe, tenho certeza: A cena, em que Geracina incita os filhos a vingar a morte do irmão. Foi filmada, numa casa velha, que existia justamente onde hoje o Doutor construiu seu moderno consultório. Pois ficava defronte ao hotel Avenida. A atriz tomou conhecimento do local. Indicou-o ao roteirista que achou perfeito pra fazer a cena.
Marcello fala em uma “cena curiosa” do filme ocorrido em frente a matriz de Senhora Santana. Um fato novo temos a acrescentar aqui. Nós estávamos lá, no momento da filmagem: Geracina vai chegando em frente a igreja, vindo das bandas do atual museu Darras Nóya. Na época era a casa de Seu Moreninho, farmacêutico. Vem puxando um jumento. E dentro de um dos caçuás está o filho morto. Uma ruma de menino invade a cena e acompanham curiosos Gercina. Era pra ela chegar sozinha puxando o jegue. Mas o roteirista acabou achando mais autêntico aquele monte de meninos e curiosos acompanhando. E a cena teve que ser refeita. Aparecem na filmagem (que eu lembro) Antônio e Mário Pacífico, e Márcio Santos, irmão de Marcos Davi. Tonho Baleia dá uma olhada pra dentro do caçuá faz uma cara feia ao ver o “defunto” e tapa o nariz ao sentir o fedor, pois usaram sangue de boi para dar mais autenticidade a cena.
Zé de Tatá, meu saudoso primo, naquela época muito fã dos filmes de faroeste americano, mexicano e italiano. Não perdia uma fita, de Django, Ringo, Sartana, Búfallo Bil, Zorro, etc., que passava no Cine Alvorada. Ficou tão empolgado com a sua participação como jagunço nesse filme que mesmo depois de “morto” em uma cena. Continuou “vivinho da silva”, danado atirando. Foi preciso o roteirista avisar, pra ele cair, pois já havia sido atingido.
FIM
P.S. Peço permissão ao colega Cronista Marcello Fausto, para anexar à baixo, a lista com os nomes dos santanenses que participaram do filme (idem,ibdem):
"Principais atores santanenses coadjuvantes que aparecem no filme:
Além do Padre Alberto, como um dos atores principais, apresento abaixo os intrépidos atores que por um momento da história do cinema, com coragem, dedicação e amor a terra e a cultura, participaram desta saga cinematográfica produzida em parte neste sertão no começo dos anos 70.
Desde já peço desculpas, se por acaso esqueci-me de algum nome. O que levo aos leitores são informações de pessoas confiáveis e verdadeiras memórias vivas de nossa cidade.
NOSSOS ATORES (não apenas figurantes, mas, vamos chamá-los de coadjuvantes):
• Alberto Nepomuceno Agra - papel de Juiz de direito
• Cícero Maciel - (da cidade de carneiros) - papel de promotor
• Vanildo Nobre Santos - jurado
• José Arlindo de Oliveira - jurado
• Enéias Boiadeiro - jagunço
• Abdias de Maravilha - carregou o andou em uma procissão no filme, onde no lugar do santo tinha um pistoleiro.
• Poni de Dona Hermenia - um cena da escada
• José Bezerra Soares (Zé de Tatá) - papel de jagunço"
*Fábio Campos 15/04/2010 *É professor do Estado e do Município em S. do Ipanema-AL Contato: fabiosoacam@yahoo.com.br
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