A PELEJA DE REMY BASTOS E JOÃO DO MATO - CORDEL

Fábio Campos

Na cidade de Santana
Feijão é lavoura farta
Lá tem outra produção
Nasce mais que gato e gata
Terra de Poeta e João
Se esparrama pelo chão
Que nem Deus criou Batata
Tem Dois que nasceram ali
Cabras muito bom de fato
O Poeta é o Remy
E o João é João do Mato
Um dia no meio da feira
Essa dupla se encontrou
Remy caiu na besteira
E o João cumprimentou
Levou logo uma rasteira
Os “quartos” no chão relou
No golpe de capoeira
O pau da venta amassou
Que nem um gato ladrão
Ligeiro Remy pulou
já com a faca na mão
Dum salto se levantou
É hora de morrer João!
Remy pra ele falou
A faca riscou no chão
O povo logo ajuntou
Remy ia cortar João
Uma véia assim gritou
Valei-me frei Damião!
A polícia ali chegou
João disse: Seu delegado!
Ouça agora o que lhe digo
Não há nada de errado
Esse cabra é meu amigo!
Como isso pode ser
Se tinha aqui uma briga
Entre vocês deve ter
Na verdade grande intriga!
Seu polícia eu vou dizer
Como é essa parada!
Remy também se entrega
Pra provar que não há nada
Desafio o meu colega
Vamo rimar Embolada!
O João aceitou que sim
E o Remy disse: Confesso
Desmoralizar cabra assim
É mais bonito no verso.
Remy começou dizendo
No mote traço meus planos
“Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!”
Eu nasci num lugar rico
Há fartura todo o ano
Terra bonita é um céu
Lá tem cana, leite e mel
Gado no pasto é cabano
Tem cabra e cabriolé
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!
Remy é um mentiroso
Sei donde vem esse pano
Nasceu dentro dum bordel
Bucho de sarapatel
Seus ossos num tem tutano
Dorme sujo e tem chulé
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!
João do Mato esse injeitado
Fio de fulana e beltrano
Dum corno foi xeleléu
Lá na casa de chapéu
Esse bruto é desumano
É a Porca de Garnizé
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!
Remy diz que em outra vida
Foi um soldado romano
Se enxerga caburéu
Nem um peste dum bedel
Num fosse tu é sem plano
Pisado talvez dê rapé
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!
Esse João seu delegado
Já correu daqui faz anos
Isso é cobra cascavel
Dá trabalho a coronel
Tão metido é se gabando
Em Santa Olinda faz “mé”
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos
Ô Remy eu reconheço
De tu todos tão gostando
Santana dos Meus Amores
É bonito pra dedel
Você é um Menestrel
Mas eu vou logo avisando
Fique peixe! Zé Mané...
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!
E assim meu caro leitor
A contenda tá acabando
Na cuia nem um real
E o delegado mangando
Poeta ruim é um fel
Dou 10 conto pro cordel
Hôme vão mudar de ramo!
Vamos Cabo Barnabé!
Quem diz que é bom e não é
Comete muitos enganos
A polícia foi embora
Os dois foram se incostando
Desenrola carretel
Foi embora o povaréu
Os amigos se abraçando
Depois foram tomar mé
No bar de Erasmo e Lelé
Que diz que é bom e não é
Comete muitos enganos!

Nota I: Aos amigos, Remy Bastos e João do Mato, aceitem esta singela homenagem. Em gratidão pelos cometários que fizeram sobre este cronista aqui na praça virtual!
Nota II: Estamos trabalhando no desenho da capa deste cordel. Tchau! Nos veremos na festa da juventude!

Comentários