Desde de que entendi-me de gente, que Dona Marinita Peixoto Nóya, era diretora do antigo Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Estudei naquele educandário de 1966 a 1972. Fazendo as contas, dá mais de quatro anos, quantidade de séries que correspondia o antigo primário. Isso porque repeti dois anos, a terceira e a quarta séries. Continuo até hoje péssimo em matemática.
Diz o dito popular, sobre a idéia que fazemos de uma pessoa, que “a primeira impressão é a que fica”. Com relação à Dona Marinita pudemos constatar isso na prática. Logo no primeira dia de aula, os moleques (inclusive eu) tínhamos que ficar perfilados em frente ao portão principal da escola, para contar o Hino Nacional, enquanto era hasteada a bandeira do Brasil. E tivemos, eu, e alguns colegas, literalmente a primeira impressão de Dona Marinita, algumas marcas de beliscões, pra se comportar corretamente naquele momento cívico. Tempos depois, fomos verificando que ela, não era ruim como tinha “pintando” nossos irmãos. Nós sim, é que éramos os capetas.
Foi ali, na porta do Grupo Escolar, mesmo antes de adentrar a sala de aula, que tivemos, a céu aberto, a primeira aula de civilidade. Dona Marinita ensinou-nos e jamais esqueci: “Em respeito ao símbolo nacional (no caso a bandeira do Brasil) devíamos ficar em silêncio, enquanto era entoado o hino Nacional. E que a postura correta era de pé, na posição de sentido. Os braços estendidos, colados ao longo do corpo. Podia-se ainda, levar a mão direita ao peito. Porém, jamais com as mãos para trás, ou com as pernas excessivamente abertas (vocês não vão mijar!). A mão direita espadada, elevada a fronte era só pro militares. Outra coisa, o olhar. Este deveria estar posto sobre a bandeira enquanto subia.
Depois desse momento cívico, nossas diletas professoras, se dirigiam as suas turmas, pra conduzir seus pupilos ao interior do educandário. Claro, não era ir só entrando e pronto. Teria que ficar marcado pra sempre, aquele momento ímpar, de modo que teríamos que entrar cantando. Tanto a musiquinha quanto a letra, jamais esqueço:
“Chegando a nossa Escola
Cantemos com alegria!
Saudemos as professoras
Bom Dia! Bom Dia! “
Por trás do Grupo Escolar havia um terreno baldio, uma imensa cisterna abandonada. E vários pés de árvore frutífera, goiabeiras, mamoeiros, ainda hoje tem, um frondoso pé de amêndoa. Dona Nazilha merendeira do turno da tarde, Dona Nanete merendeira do turno da manhã, fizeram uma espécie de horta onde se plantava tomate, pimentão entre outras hortaliças para utilizar no feitio da sopa. Os maloqueiros do monumento, na sua totalidade estudante daquele educandário, nas horas que não estavam em aulas, na hora do recreio, e os mais perigosos até em hora de aula, ia catar frutas, naquele pomar só por traquinagem. Tanto fiquei, bem como presenciei vários colegas ficarem de castigo na sala da “cobra”. Lembrei por que Remi Bastos comentou outro dia. Era uma sala, anexa à diretoria que tinha no canto da parede, uma cobra jibóia, com cerca de dois metros, pintada num galho de pau que imitava o réptil rastejando.
Dona Marinita, sobre os meninos perigosos, tinha um ditado que jamais esqueço. Basta lembrar-me dela, vem-me o dito cujo.Ao tomar conhecimento que determinado filho de fulano, aprontara uma estripulia, ela dizia:
-Também esses troços são criados como Deus criou batata!
Fabio Campos 09.03.2012 “O Mercador de Ilusões” no fabiosoarescampos.com (blog)
P.S. Solanum tuberosum é um vegetal perene da família das solanáceas, originária da América do Sul cultivada em todo o mundo pelos seus tubérculos comestíveis. Popularmente conhecida por Batata, Batata-inglesa, Batatinha, Escorva, Papa ou Semilha.
Comentários