Bem por a época junina, é comum às lojas de nosso comércio, contratar trios de tocadores de forró. Nosso amigo Lira, proprietário da Casa dos Retalhos é um desses. Empresário empreendedor, que valoriza a cultura nordestina e todo ano contrata. Dizer que ele valora a cultura do nordeste, não é força de expressão. É fácil comprovar é sua admiração por tudo que represente nosso nordeste e porque não dizer nosso sertão, seja na Escultura; Pintura; Arquitetura; Artesanato; Poesia e Música.
No pavimento superior da loja de tecidos, onde fica seu escritório podemos constatar isso. Ali ele tem quadros pintados com motivos sertanejos, de pintores santanenses Silvio e outros; tem Caricatura sua feita por Roberval; tem Escultura dum preto véio da Bahia; tem Maquete de sua chácara “Asa Branca”, nome também da Pousada o seu mais novo empreendimento. Asa Branca é uma homenagem ao rei do Baião Luiz “Lua” Gonzaga. E pra comprovar ainda mais sua paixão pelo sertão é só prestar atenção o que ele fica escutando ali enquanto trabalha: Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Trio Nordestino, Alcimar Monteiro e também os santanenses (seu primo) Arly Cardoso e Zé de Almeida. E compra a título de ajuda CD’s dos amigos: Benício Guimarães, Ferreira e Ferreirinha, Cheiroso, Cristiano, França e seus Teclados, Manoel Laurindo, Paulinho dos Teclados; As poesias de Robério Magalhães. Até nosso CD de poesias lançado em 2005 teve seu patrocínio. Tudo o que se refere a sertão nosso amigo Lira é admirador. Quem chega por lá só encontra música de sertanejos tocando. Flávio José:
“Uma esteira...
O meu sapato pisando o sapato dela
E a lua malandrinha
Pela brechinha da telha
Fotografando meu cenário de amor
Um lampião aceso, uma viola na parede...”
Em baixo do vidro da sua mesa, fotos com suas maiores paixões, a esposa os filhos e fotos de diversos encontros com amigos. Mas voltemos ao mote da conversa, o nosso amigo "Tampinha". Teve um ano que Lira contratou o cantor Chico Santos pra ficar tocando nos dias de feira do mês junino. Chico Santos chamou um sanfoneiro de Olho D’água das Flores, Zé de Mariá na zabumba e "Tampinha" no triângulo. Começavam a tocar oito da manhã quando a loja abria. E lá estavam tocando, tudo normal. Perto de meio-dia, um tumulto na loja, um princípio de incêndio. Passado o susto descobriu-se o que foi: "Tampinha" passara a tocar com tanto entusiasmo que os ferros esquentaram a ponto de tirar faísca de fogo que caíam nos tabuleiros de tecido, e ele só percebeu, porque lhe avisaram. Tinha ainda um outro perigo, os vapores de álcool do bafo de cachaça, pois Tampinha só tocava movido a Pitú.
Resultado, desse dia em diante, pra Lira da Casa dos Retalhos, "Tampinha" só toca sóbrio (só pode beber depois do serviço) e ali do lado dele, uma bacia d’água pra vez em quando, esfriar o calor do atrito dos ferros do triângulo.
Fabio Campos É professor em S. do Ipanema –AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com
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