É UM PRADA LEGÍTIMO SEU DOUTOR!

Fábio Campos

Capiá (ex-BB), foi protagonista de “CHAPÉU DE COURO”. Web-crônica, aqui divulgada, de autoria do escritor, historiador sertanista, autodidata, Clerisvaldo B Chagas. Capiá de Seu Zeca (como costumamos denominá-lo, pra distingui-lo de outros capiás) já figura no cenário dos vultos históricos e folclóricos santanense.

Exaltado em verso e prosa pelos escritores e poetas conterrâneos. Meritoriamente uma fotografia sua, consta no rol da iconografia que ilustra o hino do nosso município, em um produto midiático de Maltanet Produções. Sua fisionomia sorridente, usando a aludida indumentária de cabeça, surge, na altura em que o hino reproduz o verso:

“Sou sertanejo santanense até morrer!”

Sucede sua aparição, a foto de outro sertanejo, também digno dos mesmos méritos, o repentista Zé de Almeida, também usando chapéu de couro. Sobre os ombros, um gibão e trazendo à caráter, sua inseparável viola. É assim que entrarão pra história.

São pequenos detalhes que marcam as pessoas para sempre. O uso de um adorno pode ficar como marca registrada de uma determinada personagem. Dá pra imaginar Napoleão Bonaparte sem seu gracioso chapéu? Ou Charlie Chaplin, sem seu chapéu coco? Alberto Santos Dumont e seu chapéu molhado. Virgulino Ferreira “O Lampião”, Indiana Jones, Waldick Soriano. Tornariam-se simples anônimos sem a indumentária de cachola.

Em quase todo folguedo folclórico, há uma cantiga que vai referir-se ao chapéu. No Coco de Roda:
“Ô anúm anúm
Cadê meu chapéu
Apara a chuva que vem do céu! “

Embalados por esta prosa, recordamos de um fato chistoso, relacionado ao uso do adorno de cabeça. Ocorrido aqui em Santana do Ipanema. No ano de 2007. Num dia qualquer de setembro daquele ano, uma comitiva dirigiu-se, ao moderno prédio do Fórum da Justiça Desembargador Hélio Cabral de Vasconcelos de nossa cidade, para uma audiência com o Juiz de Direito, doutor Galdino de Moura. A comitiva era formada pelo advogado Doutor Ubiratan, o senhor José Aparecido dos Santos, popularmente chamado de “supimpa” a locutora Luciene Maria, o cantor Benício Guimarães, Sérgio Campos, entre outros. Estavam ali, para esclarecimentos de fatos relacionados, à busca e apreensão dos equipamentos da rádio comunitária”Boa Nova”, efetuada por uma guarnição da polícia civil local, a mando do próprio judiciário. Respaldados na premissa de que a emissora não detinha documentação, regulamentando seu funcionamento. A rádio funcionava no lajedo grande sob a tutela da associação comunitária daquele bairro.
Ao adentrarem todos ao gabinete do magistrado, José Aparecido, o “supimpa” trás, e mantém na cabeça, um pomposo chapéu que imitava o estiloso cantor Sérgio Reis. O juiz de Direito percebe, e sentindo que aquilo era um desrespeito, por parte do desavisado suburbano, ao empolado momento que ora participavam, o interpela nestes termos:

-Moço o chapéu?...

O vigia-serviçal e ofice-boy da rádio, sem a menor intenção de tirá-lo da cabeça. Empolgado comenta:

-É Prada, legítimo Doutor!
E ainda complementou:
-Comprei lá em Lira, na Casa dos Retalhos!...

Não teve jeito, foi preciso a intervenção carrancuda de um soldado de polícia pra fazê-lo entender que deveria tirar da cabeça seu efusivo chapeirão, em respeito à solene audiência.

*Fabio Campos 21/04/2010 *É professor do Estado e Município em S. do Ipanema-AL.
Contato fabiosoacam@yahoo.com

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