SANTO SEM PRESTÍGIO

Clerisvaldo B. Chagas

SANTO SEM PRESTÍGIO
(Clerisvaldo B. Chagas. 22.4.2010)

Não temos certeza se é denúncia, revolta ou vontade de cooperar. Já no finalzinho do governo Marcos Davi, precisamente no dia 23 de agosto de 2004, foi inaugurada uma praça insistentemente solicitada pela associação do Bairro São José. Se não era uma praça deslumbrante, pelo menos havia quadra de areia, parque infantil, bancos, alambrado, canteiros, passeio e placa de bronze. Quem vê o abandono da Praça das Artes, sendo santanense, sente a discriminação das autoridades pelas áreas humildes da periferia. Ali no centro do terreno funciona um prédio com o nome de Centro de Acolhimento à Criança e ao Adolescente. Mas a praça em si, vive um desprezo total pelo dinheiro do contribuinte. Ainda dentro do terreno funciona uma escola inaugurada conjuntamente com a antiga COHAB. Na esquina de baixo, do outro lado da rua, um posto de saúde presta serviço à população. Mais abaixo estar situada a Escola Helena Braga das Chagas, ponto de referência em Santana do Ipanema. Ainda vizinho à praça, funciona a sede do Corpo de Bombeiros a poucos metros da igreja de São José. Somam-se ainda mais duas escolas, uma do município e outra particular. Por tudo isso até parece que a antiga Praça da Bandeira foi transferida para esse bairro. É uma vergonha o estado de abandono em que se debate e morre a Praça das Artes. O mato tomou conta de tudo; vândalos destruíram bancos, parque, alambrado, ligações elétricas. Os cavalos e burras da vizinhança fazem dali estribaria; durante a noite bando marginal se apodera do terreno que funciona às escuras entre fumaça, cola e sexo. Não existe vigia. Está faltando providências urgentes da cúpula da associação, da prefeitura, do conselho tutelar, da polícia e do ministério público, pois sem a sua intervenção, dificilmente os problemas serão resolvidos.
Enquanto isso, a praça do Bairro Monumento que leva o nome de Adelson Isaac de Miranda, é tão sofisticada que recebeu do povo periférico o apelido de “Praça dos Ricos”. Os professores podem até pesquisar com seus alunos esses dois contrastes para acirrada discussão em sala de aula. No Monumento, iluminação perfeita, plantas, bancos de primeira, busto, placa de bronze, piso de última linha, boxes prestadores de serviços, movimento de elite, eventos constantes e festas caríssimas. Já na Praça das Artes, mato, escuro, cavalos, vândalos, drogas, sexo, quebradeira e medo nos arredores. Querem um Haiti melhor do que esse? Prefeita Renilde Bulhões, acione suas equipes e não deixe que esses fatos graves e até gravíssimos sirvam de nódoas administrativas muito piores de que nódoas de caju.
Nossa Senhora Assunção, fora o assunto que sai nos degraus da sua igrejinha (após a retirada das grades colocadas pelo padre Delorizano) parece bem confortável na “Praça dos Ricos”. Mas o Corpo de Bombeiros, o Centro de Acolhimento, o Posto de Saúde, as quatro escolas, o Conjunto São João e a igrejinha de São José, apelam para o dever e a benevolência dos que tem a solução dos problemas na cartola. Onde São José errou para se tornar assim diante de vós um SANTO SEM PRESTÍGIO!?

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