Tenho lido, com certa frequência, o que escritores e filósofos dizem ou disseram a respeito de velho, velhice e idoso. Verifico, sobre o assunto, opiniões diversas e conceitos nem sempre convergentes. Vejamos os exemplos a seguir.
Disse a escritora Ruth de Aquino: “Velho mesmo é quem já morreu e não sabe.”
Philip Roth, escritor de 78 anos de idade, acrescenta: “A velhice não é uma batalha; é um massacre.”
Já Jorge J. J. Ricardo trata do assunto de forma mais suave, poética: “As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso. As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.
“O riso é a beleza do rosto”, escreveu Graciliano Ramos. Amargura, por sua vez, é tristeza, sofrimento, mágoa, segundo mestre Aurélio.
Vê-se, claramente, em cada manifestação, o abismo existente entre ser velho e ser idoso. Envelhecer é tornar-se ou parecer velho. É perder a exuberância da vida, o vigor, por força do processo natural dos seres vivos. Fato biológico, inexorável. Idoso é um velho saudável, de bem com a vida.
O melhor conselho, afinal, sobre o hoje e o amanhã foi o do genial escritor Gabriel García Marquez: “Não espere mais! Faça hoje, porque o amanhã pode nunca chegar.”
O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º/10/2003), em boa hora aprovado, define regras de proteção ao idoso e em nenhum artigo se refere aos vocábulos velho e velhice. Refere-se, isto sim, à pessoa idosa como destinatária do direito à saúde, à dignidade, à cidadania, à liberdade, ao bem-estar, que são direitos fundamentais.
E mais, textualmente: “Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão.”
O diploma legal assegura, também, atendimento imediato e individualizado ao idoso junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população.
Quanto ao “atendimento imediato”, o que se vê, porém, é o não cumprimento da recomendação legal, notadamente por bancos, casas lotéricas, agências da previdência social, órgãos públicos, consultórios médicos, etc., salvo algumas honrosas exceções.
Para o Estatuto, idoso é quem tem 60 ou mais anos de idade. Algumas associações recreativas, formalmente constituídas, usando eufemismo enganador ou fantasioso, tratam o idoso como pessoa da “melhor idade”. Ora, melhor idade para quê? Com razão, a propósito, o lendário economista americano John Kenneth Galbraith, que disse: “A moldura da vida humana tem um desenho ruim. Primeiro, os erros da juventude, depois, as restrições da velhice. Só invejo o que está no meio.”
Para finalizar a conversa, registro a cena que testemunhei em viagem turística, em que uma senhora idosa, gorda e espirituosa, pede a um amigo uma caprichada foto, fazendo-lhe a seguinte recomendação: “Deixe-me mais magra, mais nova e mais bonita!” Reação imediata do fotógrafo: “Não acha que é exigir muito da máquina, minha senhora?”
Maceió, fevereiro de 2015.
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