SORRISO, RISO E VIDA

Djalma Carvalho

O sorriso ilumina o rosto e a alma. Com a simples contração da musculatura facial, os olhos sorriem também, em forma de encanto, meiguice, de paz, de alegria, ante o interlocutor.
A saudosa amiga, poeta, jornalista e escritora Arlene Miranda (1937-2013) é autora, sabiamente, da seguinte frase sobre o sorriso: “Ama-se pelo cheiro, pelo encanto pessoal, pelo mistério e sedução de um olhar, pelo jeito de sorrir.”
Ainda acrescentaria algo mais sobre o sorriso, dito pelo escritor Eduardo Martins, no livro Com Todas as Letras, citado por Eulália Spinelli no informativo “O Leão Comandocaia”, edição de abril/2011: “Um rosto sorridente é um sol brilhante.”
Juntemos a sorriso e a riso, gentileza e empatia, belíssima dupla das boas relações do comportamento humano, com a qual o mundo se tornaria mais leve, mais feliz, mais saudável. Seria um plácido lago azul de paz entre os homens de boa vontade.
Imagino um angustiado doente ao chegar à recepção de um hospital ou pronto-socorro e lá encontrar uma atendente alegre, sorridente, saudável, quanto suavizaria a dor e o estado de espírito desse desesperado paciente! Contrariamente, seria um desastre na vida das pessoas em desespero, o mau humor, o desleixo, a insensibilidade e a ausência de empatia e gentileza da atendente, em casos da espécie.
Por isso que as empresas modernas, nesse particular, têm procurado no mercado de trabalho pessoas qualificadas, que tenham vocação para atuar na linha de frente, de atendimento a seus clientes, notadamente em recepções de hospitais, clínicas, hotéis e instituições públicas que trabalhem com o público.
Quanto a rir, gargalhar, vez por outra me refiro ao genial Charles Chaplin (1889-1977), ator, compositor, diretor e roteirista, que encantou a todos nós com sua arte de levar o riso às plateias do mundo. Dei muitas gargalhadas ao assistir a suas mímicas e comédia pastelão em cinema mudo, exibidas no Cine Glória, em Santana do Ipanema. Disse ele: “Um dia sem risada é um dia desperdiçado.”
Facilmente, ante uma inteligente e bem contada piada, disparo uma boa gargalhada. O gargalhar e o bom-humor desopilam o fígado, causam bem-estar e prolongam a vida. Assim, desligados do mundo cão, infernal, estaremos a esquecer maldades e tragédias que acontecem por aí afora e tomam conta, diariamente, de noticiários de rádio e televisão.
Em televisão, por exemplo, aprecio os programas humorísticos. O bom-humor faz parte de minhas atividades literárias. Sempre encerro minhas crônicas, quando possível, com uma história engraçada, uma piada, com algo jocoso, para divertir as pessoas, tirando-as do sério. Michel Monteigne, o francês criador da crônica e do ensaio, disse: “Não faço nada sem alegria.” E completa o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860): “O bom-humor é a única qualidade divina do homem.”
Finalizando a conversa de hoje, lembrei-me de Seu Lunga (Joaquim dos Santos Rodrigues, já falecido), poeta e repentista, figura popular e folclórica de Juazeiro do Norte (CE). A ele o povo atribui várias histórias engraçadas. Seu Lunga era considerado de tolerância zero para com certas tolices dos que o cercavam. Certa vez, o filho, ao ver a mãe escorregar e cair no terraço, avisou-o: “Pai, mãe caiu na área.” Resposta, de pronto, de Seu Lunga: “Então, é pênalti.”

Maceió, novembro de 2020.

Comentários