ESCRITORES SANTANENSES

Djalma Carvalho

Agora em julho, por ocasião da festa da padroeira, estive em Santana do Ipanema. Lá encontrei e abracei a escritora e poetisa Maria de Lourdes Nascimento, que acabara de fazer a apresentação de mais um livro de uma escritora santanense.
Naquela noite de festa, ela me dizia: “Quero descobrir o motivo por que esta cidade possui tantos escritores. Desejo investigar o fenômeno.”
Não faz mais que cinquenta anos que eu sabia, então, o nome dos escritores santanenses. Salvo engano, apenas cinco: Breno Accioly, Oscar Silva, Tadeu Rocha, Aguinaldo Nepomuceno Marques e Fernando Nepomuceno Filho. Depois daí vieram muitos outros, a partir de José Marques de Melo, doutor em Jornalismo, catedrático, conferencista e nome de referência em ciência da comunicação. Perdi a conta do número deles, que imagino já deva ter passado de trinta.
Se àquela época o número de escritores era pequeno, não faltavam, porém, talentos à cidade nem vocação para o saudável ofício de escrever. O que havia, na verdade, era a dificuldade de gráficas e casas editoras que publicassem seus livros.
Não esqueçamos a contribuição do Ginásio Santana a toda essa produção literária; contribuição, também, do ensino universitário na cidade e do grande número de santanenses graduados; da experiência dos jornais que ali foram fundados, apesar de vida efêmera; das estações de rádio em funcionamento; dos sinais de televisão via satélite; da Internet dos dias de hoje; e vai por aí. O Portal Maltanet, justiça lhe seja feita, tem sido um grande incentivador nesse particular.
Há ainda a considerar, nesse raciocínio primeiro, as feiras de livros, conferências e eventos culturais realizados, a biblioteca pública municipal em funcionamento e o museu histórico da cidade aberto ao público.
A Página dos Municípios, do Jornal de Alagoas, na década de 50, por exemplo, chamada por Antônio Sapucaia de escola de jornalismo matuto, foi também responsável, sem dúvida, por toda essa efervescência literária na cidade.
Acrescentaria, afinal, como subsídio para o trabalho de pesquisa da nossa querida confreira Lourdinha, a improvável contribuição da água salobra do Ipanema, com o gostinho de azinhavre, certamente ativadora de algum processo especial nos neurônios dos intelectuais santanenses...
Agora, José Coelho Neto é o mais novo escritor santanense. Acaba de publicar seu primeiro livro, intitulado Cavalheiros da Grande Luta – Um Tributo a Abnegados Cidadãos.
Aluno aplicado do Ginásio Santana, Coelho Neto ingressou na Polícia Rodoviária Federal pela via honesta do concurso público. Antes, fora bancário e servidor da prefeitura de Maceió.
Sua vocação para liderança vem do tempo de gremista em sua cidade. O livro conta a história da luta empreendida por ele e por colegas de trabalho que visava à aprovação do art. 144 da Constituição Federal. O que de fato ocorreu na memorável sessão de 12/4/1988 da Assembleia Nacional Constituinte. Luta da qual resultou a transformação da Polícia Rodoviária Federal em órgão de Segurança Pública e, posteriormente, em integrante do Ministério da Justiça. Em ligeiras pinceladas, também conta ele a história da própria corporação, que foi criada, em 1928, pelo Presidente Washington Luís e chamada, inicialmente, de Polícia de Estradas.
De parabéns, portanto, o conterrâneo Coelho Neto, pelo seu livro publicado, e também sua cidade natal, que agora conta com mais um escritor nascido naquele sagrado e dadivoso chão sertanejo.
Maceió, agosto de 2009.

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