O carnaval é festa popular, do povão, marcada, quase sempre, por prazeres, assim entendidos pelas fantasias usadas com certos exageros, de fio dental, de trajes quase sumários, observadas nos blocos festivos, nas troças, nas escolas de samba, e vai por aí.
Segundo historiadores, o carnaval é festa pagã desde o Antigo Egito. Remonta, também, à Grécia Antiga, lá por volta de 1.500 a.C. Ainda, como festividades finais realizadas pelos romanos católicos nos dias que antecediam à Quaresma.
Essa festa de alegria popular chegou ao Brasil durante o período colonial, entre os séculos XVI e XVII, como entrudo, trazido de Portugal. Na passagem da monarquia para a república, houve certa repressão a essa brincadeira popular, então considerada de mau gosto.
Lembro-me, quando menino, da prática do entrudo em Santana do Ipanema, com banho e o mela-mela nos foliões e nos que estavam fora dos blocos.
Depois, vieram os cordões, os ranchos carnavalescos, marchinhas e os bailes de clubes. O frevo surgiu no Recife, e o maracatu em Olinda. As escolas de samba ganharam as ruas a partir de 1920. Os trios elétricos surgiram na Bahia em 1950. Em 1984 foi criado o Sambódromo, no Rio de Janeiro, no governo de Leonel Brizola.
Em Santana do Ipanema, o carnaval sempre existiu como festa alegre, com a apresentação de blocos criados pela velha guarda (seu Carôla, Zé Malta, por exemplo) e pelos jovens da sociedade local, deveras animados, criativos e irreverentes. Citaria alguns nomes deles, mas fico apenas com Remi Bastos e o saudoso Reginaldo, que se juntavam à turminha que estudava em Maceió e no Recife. Pintavam o sete com suas marchinhas picantes, de duplo sentido, cantadas no Zé-Pereira e nos demais dias de carnaval.
Minhas lembranças chegam às Escolas de Samba “Unidos do Monumento” e “Juventude no Ritmo”, que desfilavam bem garbosas nas terças-feiras de carnaval, recebendo o merecido aplauso do público santanense.
Não obstante o tema aqui tratado, trago comigo, nestas linhas, recordação, com lágrimas até, dos meus dois irmãos foliões Mileno (1946-2022) e José Carvalho (1948-2024), falecidos, que ganharam para sempre a dimensão do espaço celestial, o descanso eterno, deixando-nos todos da família com imensa saudade.
Agora, em pleno período carnavalesco, filhos e sobrinhos de ambos sabiam que eles gostavam de carnaval. Publicaram, então, há pouco tempo, no WhatsApp, foto histórica, dos dois alegremente abraçados em plena folia de passado recente, fantasiados, trajando camisas do bloco o Pinto da Madrugada.
Para conforto da família, filhos e sobrinhos dos falecidos foliões criaram a saudosa legenda “Carnaval no Céu”, para, afinal, homenageá-los.
Maceió, fevereiro de 2024.
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