Com a curiosidade que Deus me deu e que me acompanha desde o meu tempo de juventude, tenho a mania de anotar nomes pitorescos, criativos, de botecos de ponta de rua, bares, restaurantes, motéis, etc.
De início, ao escrever a expressão “o meu tempo de juventude”, recordo-me de que no Banco do Brasil, na Agência Centro de Maceió, uma esperta e simpática menor-aprendiz ao ouvir de um colega de trabalho “ah, meu tempo de juventude!”, disse ela, com graça: “Mas faz muito tempo, né, tio.”
Fato, realmente, engraçado que aconteceu há mais de trinta anos. Ao deixar o BB ao final do seu período legal, anos mais tarde, já casada, encontrei-a como bem-sucedida empresária no ramo de restaurante, em Maceió. No BB ela teria feito, também, uma excelente carreira profissional.
Retornando ao assunto inicial, também vejo nos livros que leio esses nomes criativos, curiosos. Anoto todos eles num livrinho especial, depois de uma natural risada. Procuro, assim, levar aos meus escritos a melhor trilha do bom-humor, do divertido. Nesse sentido, costumo citar Graciliano Ramos, que disse: “O riso é a beleza do rosto.” Também, o genial Charles Chaplin: “O dia mais desperdiçado na vida é o dia em que não rimos.”
Vi, pela televisão, faz pouco tempo, um programa produzido no interior de um bar ou restaurante no interior de Minas Gerais, que divulgava saborosos pratos oferecidos ao público brasileiro. O nome do estabelecimento estava lá no frontispício do prédio, o pitoresco “Ponto Gê”.
Em Maceió, por exemplo, existem diversos bares com nomes criativos, a partir de: “Buraco da Zefa”, “Bar do Cabeludo”, “Bar do Pelado”, e vai por aí, todos bem frequentados pela elite alagoana.
Em Santana do Ipanema, costumo frequentar o Restaurante “João do Lixo”.
Em Caruaru, no bairro Alto do Moura, o leitor encontrará boa quantidade de bares e restaurantes com nomes criativos, pitorescos, que recebem ônibus e mais ônibus repletos de turistas. Na mesma cidade, havia o “Bar da Perua”, bastante procurado na década de 1990.
À beira de rodovias alagoanas, há os motéis “Vamus”, “Cê Qsabe”, “Extase”, entre outros.
Em minha estante de livros, depois de apreciada leitura, guardo com carinho o livro Estórias Abensonhadas, que recebi de presente do casal português Ana Margarida e Fernando.
Mia Couto, autor do referido livro e natural da cidade de Beira, Moçambique, país do sudeste da África, é professor, biólogo, filósofo, jornalista e escritor premiadíssimo. É autor de texto engraçado e criador de palavras estranhas ao nosso léxico. Mestre na arte de escrever. Prosador extraordinário.
Ao ler seu conto “O Bebedor do Tempo”, no citado livro, à página 147 há expressões, como: “Tentei ajudá-la a se erguer. Desconsegui. A velha não conseguia desajoelhar-se. O padre, de impaciente paciência, me pediu que saísse. Quem é vivo desaparece. Despresse-se. Ventaniava.”
Concluindo a conversa, encontrei o nome do bar que dá título a estas notas no final do seguinte texto: “Ali fiquei me entretendo a ver passar as moças, dessas mais ligeiras que as libelinas que fazem amor no ar. O homem era de meu lugar-natal, bêbado de carreira, criatura de vasto e molhado currículo. O bar se chamava ‘A Brisa do Inferno’, e merecia o título.”
Maceió, maio de 2020.
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