O que se chamou, inicialmente, de projeto santanense ganhou corpo com rapidez e agora já é considerado fato real, concreto. Vem aí o livro Às Margens do Ipanema, graças ao sucesso das tempestivas providências dos idealizadores do projeto e ao efetivo empenho dos organizadores do novo livro.
Lá de São Paulo, José Marques de Melo comanda as ações. Depois de publicar o artigo Diáspora intelectual santanense: a vanguarda da terra espinhosa, ele, com experiência no ramo, resolveu jogar lenha na fogueira. Em seu artigo, traçou perfis de escritores santanenses que ganharam o mundo e ocuparam a vanguarda de Santana do Ipanema na geografia intelectual brasileira. Na mesma oportunidade, classificou o contingente literário da cidade em três segmentos: vanguarda sertaneja (os escritores que permaneceram em Santana do Ipanema), retaguarda litorânea (os que passaram a residir em metrópoles da região) e diáspora nacional (os que migraram para regiões diversas, mas que continuaram com raízes sentimentais e culturais fincadas no solo onde nasceram). Ao todo, mais de 30 escritores listados.
Pronto. Bastou apenas isso para que ele convocasse dez escritores desse contingente para participarem do projeto. Em Maceió, a jornalista e escritora Rossana Gaia, também organizadora do projeto, encarregou-se, com entusiasmo, de recolher os textos que comporão o livro, cuja edição será comemorativa da inauguração da sede do Campus Sertão da Ufal em Santana do Ipanema. Junta-se a esse auspicioso acontecimento cultural, entre outros, o 60º aniversário de fundação do Ginásio Santana, a ser festivamente comemorado na mesma data.
Resgatar a memória santanense é a idéia central do projeto do livro, que terá como subtítulo “Ecos de fortíssimas vozes santanenses”, expressão pinçada do conto João Urso, de Breno Accioly, escritor que me parece inspirador da obra proposta, ora como consagrado contista, ora por seu importante legado literário.
Disse, também ali, Breno Accioly: “A cidade é um enorme silêncio de pesado sono, de sono estremecido pelas bocas das serras.” A cidade de hoje, com seu progresso e ruas tomadas por automóveis de muitas marcas, contrasta com aquela paisagem urbana do tempo em que ali o contista nasceu e viveu sua infância.
Três blocos distintos terá o livro: introdução, com artigos de José Marques de Melo e Rossana Gaia; memória, com a participação de Aguinaldo Nepomuceno Marques, José Geraldo Wanderley Marques e Luitgarde Cavalcanti Barros; e, finalmente, vivências, com este cronista, Maria do Socorro Ricardo, Marcello Ricardo Almeida, Virgílio Wanderley Nepomuceno, Lúcia Nobre e Maikel Marques.
Embora não tenham nenhum vínculo – seja sentimental, seja nativo – com Santana do Ipanema, participam do livro, como convidadas, as escritoras Edilma Acioli Bomfim, Enaura Quixabeira e Magnólia Santos. As duas primeiras, como autoras de exegeses literárias sobre obras de escritores santanenses, e a terceira, como amiga e admiradora do idealizador do projeto, professor José Marques de Melo.
Como se vê, afinal, toda probabilidade de sucesso terá o livro na comunidade santanense, seja na própria cidade, seja naquela comunidade, saudosa e ufanista, espalhada pelo Brasil afora.
Maceió, novembro de 2009.
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