Ardorosa manifestação de orgulho da terra comum encontrei nos santanenses que, de pé e respeitosamente, ouviam a execução do hino de Santana do Ipanema no evento de lançamento do livro À Sombra do Juazeiro – Casos e Loas, realizado, há alguns dias, aqui em Maceió. Enquanto se ouvia o hino, com letra de Remi Bastos e música e voz de Eleezer Setton, o telão exibia antigas e históricas fotos e paisagens de ontem e de hoje da cidade. Também lá estava eu imbuído do mesmo orgulho e vivendo a mesma emoção
Mais que isso, o especial encontro transformou-se, sobretudo, em festa de confraternização de conterrâneos. Festa organizada e coordenada por Maherval Chaves e por José Malta Fontes Neto, este proprietário do Portal Maltanet e editor do livro, que é uma coletânea da produção literária de 28 autores santanenses, iniciantes e veteranos, publicada no referido portal.
Há no livro textos para todos os gostos, que vão de histórias engraçadas, marcas do passado, contos, crônicas a poemas, tudo isso traduzido em linguagem literária de boa qualidade.
Entre os iniciantes, por exemplo, o leitor terá uma agradável surpresa: a publicação do poema Rio Ipanema, de José Ormindo, de texto curto, enxuto e de irônicas metáforas, com o qual o novo poeta marca sua bem-sucedida estreia no mundo das letras, embora tenha optado pelo caminho da chamada poesia moderna. Dele recolhi o seguinte fragmento: “Pedras lisas do Panema/ Caí, levantei, aprendi/ Saí pro mundo/ Mundo com bocas grandes/ Pra me engolir.../ Saltei, corri, sofri, vivi.”
Entre outras histórias engraçadas, o leitor encontrará a escrita pelo jovem Fábio Soares Campos, também estreante e promessa de bom contador de casos e loas. Conta ele que seu falecido pai, João Soares Campos, respeitável cidadão e então proprietário de mercearia na cidade, costumava servir café da manhã a um seleto grupo de amigos. Na verdade, o que todos eles iam fazer ali era prosear ao pé do balcão. Daí surgiu a história do apreciado doce de goiaba fabricado em Caruaru e vendido na mercearia. Em viagem que fizera àquele centro comercial do agreste pernambucano, seu João, inocentemente, perguntara ao fabricante qual a receita do tão delicioso e preferido doce. A resposta veio de imediato: “A gente coloca 10% de goiaba e o restante de qualquer merda mesmo.”
Trata-se de livro cuja leitura se recomenda a todos aqueles nascidos em Santana do Ipanema e àqueles que por lá passaram, negociando, trabalhando ou que tenham ali residido por algum tempo. Também aos que, por acaso, tenham tomado água salobra do rio Ipanema.
Parabéns, afinal, aos 28 autores que desfilam pelas 221 páginas da coletânea e, especialmente, ao irrequieto empreendedor Malta que, com seu moderno jornal virtual, é o responsável por esse belo trabalho que promove a cultura e os valores de nossa terra.
Maceió, junho de 2009.
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